terça-feira, 11 de março de 2014

Brasileiro em Lima também é gringo

Sempre penso em fazer um roteiro  para uma viagem, mas não me prendo totalmente a ele. Se um lugar já deu o que tinha que dar, vou para o próximo; se sinto vontade de ficar mais, prolongo a estadia. 

Quando voltamos de Machupicchu, ficamos no Ecopackers de Cusco. E, sabe, depois de dois dias muito cansativos, o lugar parecia tão aconchegante, o bar parecia tão propício, e nós só teríamos aquela noite no hostel - que é melhor que muito hotel por aí, diga-se de passagem. Iríamos para Lima no dia seguinte à tarde, onde passaríamos uma noite e depois embarcaríamos de volta para o Brasil. 

Desfizemos os planos e decidimos ficar mais uma noite em Cusco e só ir para Lima no dia da nossa volta, então ao invés de viajarmos na quinta à tarde, fomos na sexta. Contei a história do ônibus que pegamos aqui

Chegamos em Lima ao meio dia. Nosso vôo era só às 21h. Decidimos ir à praia e ficar em alguma barraca enquanto não dava a hora de ir para o aeroporto. Primeira cilada: do terminal de ônibus, todos os taxistas diziam que levava uns 20 minutos até a praia e por isso teríamos que pagar X. Como não conhecíamos e era o último dia de viagem, fomos sem muita resistência. Cinco minutos depois, praia. Cinco. 

Chegamos na praia e, bem, não vou dizer que ficamos com os pés na areia. Ficamos em uma parte mais longe, em uns quiosques. Eu, o Thiago e duas mochilas enormes. Todo mundo olhava e sabia que éramos turistas, mas até aí, tudo bem. Era o último dia da nossa viagem, não sofremos nenhum golpe nessas duas semanas, não perdemos nada e ainda tínhamos encontrado essa porção de peixe frito que estava M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A: 

Como eu não queria mais ter que sacar dinheiro até chegarmos no Brasil, estava controlando quanto a conta daria para não faltar dinheiro para chegar ao aeroporto. Já tinham nos avisado que de onde estávamos, seria pelo menos uns 50 soles até lá.

Cada porção de peixe custava 38 soles. Cada cerveja, 7. SETE. Consumimos duas porções e quatro cervejas, então o dinheiro que restava deveria ser suficiente para ir embora. Mas na hora que a conta chegou, eu estava tirando fotos do lugar, e o Thiago não tinha reparado no preço das coisas no cardápio. Quando cheguei, ele já tinha pago e eu pedi para ver a descrição na notinha. Lá, cada cerveja estava por 10 Soles, e eu tinha certeza que tinha visto por 7 antes. Antes, e não depois! O que significa que não era o efeito dos meus copos!

Chamei a garçonete e ela ficou dizendo que "no querida, el precio es este". Vai, não vai, pedimos o cardápio de novo. Passados cinco minutos, me aparece a mulher com o mesmo cardápio, que era impresso, com um dez FEITO À CANETA onde antes estava apenas "7". 

MAS É MUITA CARA DE PAU. 

O Thiago foi e disse que aquele cardápio estava rabiscado e que queríamos outro. Ela começou a dizer que aquele era o único cardápio do bar. Seria, caso bem atrás dela não tivesse outro, intocado. Ali o preço estava 7 soles por cada garrafa de cerveja. Ela devolveu 10 soles e pediu desculpas. O Thiago voltou e a gente percebeu que na verdade ela deveria ter devolvido 12. Pedimos os dois que faltavam e ela pagou, dizendo, tão simpática, algo para que nos protegêssemos: 

"- Viu, toma cuidado que aqui em Lima é perigoso para turistas. As pessoas vão tentar te roubar." 

Sério? Nem tinha percebido. 

A gente poderia ter ido embora sem os 12 soles? Sim. Ia fazer uma puta falta? Não. Mas ah, coisa chata isso de te verem com uma mochila e já acharem que vai ser muito fácil te passar a perna, né? Só porque você está de passagem pelo lugar. Nosso brazilian backpacker proud não nos deixou ignorar isso, hehehe. 

Ps. Apesar da experiência e do pouquinho de tempo que ficamos em Lima, cerca de 5 horas, gostei da cidade e voltaria. Gente querendo ser esperta tem em todo lugar, então levo esse episódio como uma coisa cômica e não uma dor de cabeça. 

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