domingo, 27 de maio de 2012

Portugal: Queima das Fitas - Serenata

Há cerca de três semanas estava acontecendo aqui em Porto a famosa QUEIMA DAS FITAS. Essa festa carrega o peso de ser chamada de melhor e maior festa universitária da EUROPA. Para quem é intercambista é bem difícil entender o significado de tudo que se passa nessa semana, já que há festa toda noite e férias da faculdade ao mesmo tempo... tem que rolar uma concentração para acompanhar tudo que eles fazem!

A história da queima é bem longa, e advém da "Festa da Pasta", iniciada no Porto em 1920 por estudantes de Medicina, e em Coimbra um pouco antes, em 1918. Antigamente, a festa representava a despedida dos finalistas, que passavam suas pastas (uma pasta que carregam e que faz parte também do traje) aos que estavam no penultimo ano de faculdade, rumo ao último. Hoje ela celebra dois momentos: a primeira vez que os caloiros vestem o traje (tão polêmico e que eu expliquei aqui) e o último semestre dos veteranos que se formam em julho. Ou seja, é a maior concentração de pessoas trajadas por metro quadrado que todos têm a oportunidade de ver! Além dos caloiros e doutores finalistas, tem muito, muito, muito pai e mãe de família vestindo a capa de novo e indo para as cerimônias.

Eu já disse em outro post o quanto eles levam isso tudo a sério, e realmente, eu me assustei quando me dei conta de que essa foi a ÚNICA coisa que parou a cidade durante o tempo em que eu estou aqui. Natal? Blé... Ano novo? Blé... Carnaval? Blé... Porto campeão nacional? máromenoss.. mas na queima, meu Deus! A cidade toda parou mesmo, foi impressionante!

Como eu ainda não tinha ido visitar Coimbra, achei que seria uma boa ir lá durante a queima, já que a de lá começava antes da de Porto e poxa, é A cidade universitária de Portugal, né. Esse aqui foi o vídeo promocional, ó:



Bom, fui com mais alguns amigos e a expectativa estava lá em cima, mesmo não sabendo bem como funcionava.  Na noite da serenata é também quando os caloiros vestem o traje pela primeira vez e têm suas capas traçadas. Explico: quando se veste o traje à noite, a capa sempre tem de estar escondendo qualquer parte branca da roupa que o universitário esteja usando, mas para podertraçar sua capa, claro, tem todo um protocolo, a la vida portuguesa mesmo.

Abaixo está a primeira imagem que vimos ao chegar na Sé Velha, praça onde acontece a Serenata. Isso é só o que dava prara mostrar, pois toooodas as ruazinhas que davam nessa praça estavam completamente lotadas e intransitáveis.

foto de Giuliana Ananias Wolf
Praça da Sé em Coimbra na Queima das Fitas de 2012 - 1º dia: Serenata





































 Aviso para quem um dia pensa em ver a queima: a serenata acontece sempre na primeira noite e, não há agitação, todo mundo vai para ficar quietinho ouvindo FADO. Se você já conhece o fado, já percebeu qual a vibe da coisa. Se não, dá um play nesse vídeo e vai entender exatamente como é. Aí, você junta essa música com o sentimento de estar acabando a faculdade. É como se fosse uma festa de formatura que dura para sempre hahaha nunca ví gostarem tanto de sofrer com despedidas como nessa noite... 


Na segunda noite da queima de Coimbra, fomos à festa propriamente. A festa acontecia no "queimódromo" e é um misto de Rodeio (só que sem os tourinhos e peões) com as festas dos jogos universitários. Não falta bebida, gente nova e música. Lá em Coimbra teve o show do REVELAÇÃOOO (muuuito bom, btw), PLUS vááárias tendas com todos os tipos de música. Em cada tenda tinha também um tipo de bebida. Recadinho para a organização: ano que vem vocês podiam colocar mais do que só uma barraca com shots, né!

foto de Giuliana Ananias Wolf
Uma das tendas na Queima de Coimbra


















 

O queimódromo teve nossa companhia até as 6 da manhã, quando já tinha acabado tudo mesmo e viemos para Porto direto. No mesmo dia ainda tínhamos que ir à queima daqui! Não encontrei os números de Coimbra, mas aqui a festa movimenta cerca de 350.000 estudantes (!!!!!), de acordo com a Federação Acadêmica do Porto. Olha só umas coisas que eu registrei durante a primeira noite: 

foto de Giuliana Ananias Wolf



+ Reparem que nesse vídeo aqui em cima, logo no comço, nenhum dos trajados tem a capa traçada...

Bom, essas imagens e vídeos foram feitos na Praça dos Leões, local onde está a Reitoria da Universidade do Porto. Na verdade, todos chamam alí de Piolho, pois há também um bar com esse nome que se tornou "legendary". Prometo post sobre ele ainda! Dá para ver no vídeo a agitação que acontecia no dia, né? Depois disso tudo, fomos para o queimódromo. Aqui é bem diferente de Coimbra, pois ao invés de tendas, há barraquinhas de toooodos os cursos das universidades aqui de Porto.  Quem monta, trabalha e toca o negócio são todos estudantes. O legal (ou confuso) é que cada uma delas toca uma música diferente e extremamente alta, ao mesmo tempo! E todoas estão coladinhas, então depois de umas biritas, o negócio vai ficando difícil... é gente que chega em casa e não reconhece a mãe, gente que não sabe como voltou para casa, gente que se perde, gente que faz xixi no lugar errado e por aí vai...

queima das fitas porto
Barraquinhas na queima (imagem de www.fap.pt)











Até aqui, só falei da primeira noite da queima das fitas, imaginem que ainda há outas cinco noites! Vou fazer uma série de posts explicando cada uma delas e o porquê de tudo. Até a próxima =)

Beijos, Giu!

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Mas afinal, isso é português ou brasileiro? - parte II

Outro dia eu estava aqui em casa com uma amiga que é portuguesa (Oi Rita!) falando sobre tipos de pessoas e essas coisas, aí ela resolveu me mostrar um vídeo, cujo título era "Tipo Javardola, Menos Quando Fala Francês". Primeiro pensei que "Javardola" fosse o nome do personagem, mas vendo o vídeo percebí que não se tratava disso, mas também não sabia dizer o significado exato. Perguntei então, pela definição. A Rita sanou minhas dúvidas, dizendo "É uma mistura de badalhoco com azeiteiro". Ah, aí eu entendi tudo, né! Fim!

vocabulario portugues brasileiro
Livros usados à venda na Livraria Chaminé da Mota, aqui em Porto - um jeito de aprender um português que já foi...

Mentirinha, hehe, não se achem ignorantes, porque na verdade, só consegui rir quando ela disse isso, já que as coisas tinham ficado ainda mais confusas.

Agora vou esclarecer, prometo. Badalhoco seria um daqueles caras que são porcos, tanto no sentido físico, quanto no modo de tratar as pessoas; Azeiteiro, alguém que tem muito mal gosto quando se veste, fala tudo errado, só usa palavrões. A soma dos dois forma um perfeito javardola, aquele que 'não sabe se comportar em público, e que tem muito mal gosto e aspecto. Geralmente tem um vocabulário agressivo e rude' - segundo dizem minhas fontes =P.

Bom, aí um dia desses, de novo, estava conversando com um amigo português e estava tentando dizer a bendita nova expressão que eu tinha aprendido. De tão bem que aprendí, já não lembrava mais - hahaha - e comecei a descrever as características, e ele começou a chutar os adjetivos possíveis. Até que disse "é paneleiro?" - essa eu decorei e sabia que não era, pois é uma das maneiras de se chamar alguém que é homossexual. Continuei explicando, até que cheguei na palavra 'chulo', que está para o nosso "brasileiro", assim como javardola está para o português deles. Ele olhou, pensou e chegou à conclusão de que eu não sabia o que essa última palavra realmente significava. Me perguntou se eu sabia o que era um pimp... Lembrei de uma festa que já aconteceu aqui em Porto de nome 'Pimps & Hoes'. Respondi "É um cafetão?", ele confirmou, "Pois! Isso é que é um chulo cá".

Aqui está o vídeo que gerou todas essas confusões, mas o que vale é que no fim todos se entenderam - haja comunicação, viu!



+ Para ler o primeiro texto sobre este assunto, clique aqui. =)

Beijos, Giu!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Porto: Caloiros Praxados, Doutores Trajados e a Tuna!

Sei que está quase no fim do semestre, mas ainda dá tempo de falar sobre algo que é tão importante aqui no Porto. Aqui, o trote, diferente do Brasil, dura quase dois semestres e leva o nome de "praxe". Tudo é muito diferente e extremamente levado a sério. 

Em Porto eu estudo na Universidade Fernando Pessoa e logo nos primeiros dias, fui ver a praxe que estava acontecendo no campus, e aí ví o discurso um dos veteranos aos caloiros. Em um trecho ele disse: "Antes de querer conhecer os que estão de preto, preocupem-se em conhecer os que estão ao seu lado, pois estes é que seguirão com vocês na faculdade.". 

foto de Giuliana Ananias Wolf
Praxe em Setembro de 2011 na Universidade Fernando Pessoa




















Os "de preto" são os veteranos, e essa foto ilustra o porquê de eles serem chamados assim. Eles têm de se vestir com tipo um traje social (camisa branca, calça preta social, paletó - para os homens - e para as meninas, o mesmo, a diferença é que usam saia + meia-calça.), MAIS uma capa preta, que trás junto consigo muitas, muitas regras. Vou tentar colocar aqui algumas que eu já aprendi: 

1) ELA NUNCA DEVE SER LAVADA, NEM DURANTE, NEM APÓS A FACULDADE. NUNCA;
2) À noite, a capa deve estar traçada, para que fique impossível de se ver qualquer pedaço branco do traje;
3) Quando se está com a capa, não se usa guarda-chuva; 
4) Se você quer usar o traje um dia, tem que participar da praxe; Se quer praticar os "trotes", tem de a estar trajando;
5) Como dá pra ver pela na foto, essa capa é bem longa! E aí, como aqui em Portugal essa coisa de hierarquia é MUITO importante (e faz-se questão de mostrar isso a todo tempo), eles acharam um jeito também de mostrar o quão veteranos são: se a pessoa está na faculdade há um ano, pode dar uma volta na capa, se está há dois anos, duas voltas, e a ssim sucessivamente;
6) Depois de se tornar dourtor, pode-se usar a capa sem o traje por baixo. Assim, mais descontraído sabe, tipo jeans e capa;
+ Alguém sabe de mais outras? :)

foto de Giuliana Ananias Wolf
1ª Foto: Doutores à espera dos caloiros na FEUP (Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto); 2ª: doutores em Coimbra na Universidade de Direito, posando para foto; 3ª: "sujeirinha" na capa do senhor doutor aí. Vai saber desde quando...


























E aí, rola toda uma dedicação. O legal é que tanto os doutores, quando os caloiros têm muito trabalho. Seja domingo com chuva, seja tarde ensolarada, eles estão lá, fazendo o que têm de fazer. Tem um respeito enorme que começa quando o caloiro não tem permissão de olhar nos olhos dos doutores, além disso, têm de carregar na bolsa uma camiseta que lhes foi entregue no começo do semestre (nela está o novo nome do bixo/bixete + o curso que está fazendo) e vestí-la sempre que mandarem. Logo no início do semestre passado, ví caloiros pedindo permissão para sair do campus para almoçar, e os que não pediam, eram questionados. 

Existe também outro tipo de praxe: aquela à quem quer pertencer à Tuna. Explico: tuna é tipo um coral que cada curso tem. Eles cantam, dançam participam de festivais competindo entre sí. Uma mistura de fado com o espírito acadêmico. Eu sempre imagino tipo um Glee português! <3 (Que ninguém de qualquer tuna leia isso hahaha)

doutores na feup 2011
Apresentações de Tunas

 Esse vídeo aqui embaixo eu fiz logo quando cheguei, era a Tuna de alguma faculdade (sorry, na época não pensei que colocaria isso em um blog...). Eles estão cantando e tocando, as capas estão ao chão (nunca lavarás tua capa, lembra-se?). Com certeza tudo isto estava bem organizado pelos caloiros, que, quando pretendem participar da Tuna, têm de fazer todo o trabalho de limpar, carregar e afinar os instrumentos, além de ensaiar. Aqui, a praxe pode durar até três anos, até que o caloiro se torne um "tuno". O engraçado é que às vezes (e na maioria delas), a pessoa já não é caloiro, mas na tuna ainda atua como se fosse, ou seja, é muito mais difícil entrar lá!




Esse segundo vídeo é da última apresentação que eu ví. Achei o máximo, era tipo um festival e várias tunas se apresentaram lá. Detalhe: os de chapéu e bengala são todos os que se formam ao final deste semestre. A cor da cartola varia de acordo com a cor do curso, assim como a da bengala. A tradição diz que quem se forma tem que levar quantas bengaladas quiser, e pode ir escolhendo os amigos, parentes, professores, ou seja, qualquer pessoa que tenha sido importante de alguma maneira. Tudo isso para dar sorte <3 Legal, né? 

Curiosidade: Porto é cheio de lendas, uma delas é que o traje usado para a série de filmes "Harry Potter" tenha sido inspirada no que os universitários usam cá, já que a autora dos livros morou aqui em Porto por muito tempo e é casada com um português.

+ Assim como no Brasil, onde existe quem se diverte com os trotes, mas existem também os que não aprovam nada, aqui em Portugal muita gente não é a favor da praxe ou do traje. O que faz surgir apelidinhos carinhosos aos doutores, como "morcegos", "harry potters", "da capa"... e por aí vai! 

Espero que tenham gostado de conhecer um pouco disso, porque isso tudo aqui é a própria essência do que é ser universitário em Porto!

Beijos, Giu

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Sobre fotos e livros

Vou falar hoje de duas coisas que gosto muito: livros e fotografia. Quando estive em Londres fui à exposição da artista Gillian Wearing, fotógrafa britânica que mostrava alí, por meio de fotos e vídeos, as preocupações e inseguranças que todos têm, mas escondem através do vestuário, postura ou papel que representam na sociedade. Muito, muito, muito interessante. Saindo da exposição, fui à livraria da galeria onde eu estava, pra dar uma fuçada no que eu podia encontrar de interessante.

Bom, encontrei um livro chamado "If You Leave", resultado de um Tumblr criado por Laurance Tarquin Von Thomas, cuja ideia consiste em jovens fotógrafos retratarem o sentimento de solidão, nostalgia e abandono, e percebi que na verddade, essas são coisas que todo mundo acaba sentindo em algum momento enquanto está em uma viagem longa. Fuçando pelo site do fotógrafo, ví que ele tem outros projetos que partilham mais ou menos do mesmo tema. Para quem quiser ver, é só clicar aqui. O livro trás fotos tiradas no mundo todo e tem até brasileiros no meio! Selecionei uma para colocar aqui, que claro, pertence a um brasileiro! Não é só pela conterraneidade, a foto foi uma das minha preferidas mesmo :P Confiram aqui embaixo. Para comprar o livro, dá pra ser online no próprio site.















E aííí, depois de ter visto esse livro, lembrei do Post Secret, um projeto também que já existe há abastante tempo e começou quando o idealizador, Frank Warren, pediu a estranhos que enviassem seus melhores segredos anonimamente, para que as pessoas que enviassem, por um lado, se sentissem aliviadas por partilhar aquilo, e de outro lado, para que quem visse o segredo alheio pudesse identificar-se com os sentimentos revelados. O legal é que pessoas do mundo todo passaram a enviar seus segredos e todos os temas são abordados, o importante é ter criatividade na maneira de contar o babado ;). O site é atualizado todo domingo de manhã e os segredos que ficaram lá por uma semana, são substituidos por novos. Como a procura foi tão grande, deu origem a cinco livros, que podem ser comprados no Amazon ou em qualquer livraria para quem está nos Estados Unidos. Os preços online vão desde U$S7 a U$S20, mais ou menos.





















Today I'll talk about two things I really enjoy: books and photography. When in London, I went to Gillian Wearing's exhibition, a britsh artist that was using pictures and videos to show the worries and insecurities that all of us have and end up fidding ways to hide it from the world, by the way we dress, the way we walk or the function one develops in society. Really, really interesting. When I finished seeing it all, I stoped by the gallery's bookstore where I was to look around and try to find something cool.

I found a book called "If You Leave", the result coming from the Tumblr created by Laurance Tarquin Von Thomas. His idea was to make young photographers shoot scenes that could capture the feeling of loneliness, nostaly and abandon, and I realized that these are feelings everyone has at least once while doing a long trip. Looking at his website, I could see he has some other projects, kind of related to this one. If you want to check it out, just have to click here. The book brings pictures that were taken all over the world, and there's even some brazilians! I selected one to put here - from a brazilian - not just because we're from the same place, but it was one of my favourites. If you want to buy the book, you can do it at the website.

So, seeing this book reminnded me of Post Secret, a project that's been going on for a long time and started when Frank Warren asked strangers to send their best secrets anonymously, so when they did it, in one hand, they could feel better for sharing it, and in the other hand, those who read it, could feel conected and somehow understood. The cool thing about it is that secrets started to arrive from every country, talking about all subjects. The most important thing is to be creative in the way of telling your secret :) A new post goes online every sunday and all of it brought the project to 5 books so far! You can buy them on Amazon or any bookshop. Prices can go from $7 to $20.


Alguém sabe de mais algo do tipo???
Beijos, Giu!

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Hostel na Itália: Pelados em Roma

foto de Giuliana Ananias Wolf
O Coliseu todo coberto de neve em Fevereiro de 2012.

A história que eu vou contar agora seria muito mais engraçada se não fosse trágica. É que essas histórias de hostels sempre seriam melhores se tivessem acontecido com amigos nossos, mas quando é com a gente... 

Bom, quando fui à Roma fiquei no famoso Yellow Hostel. Já era a segunda vez, e na primeira tudo havia corrido muito bem. Esse lugar é famoso por ter um ambiente muito divertido e gente acaba mesmo fazendo amigos de maneira muito rápida lá. Afinal, o que esperar de um lugar cuja única área comum é um bar? =D 

Eis que no final de fevereiro deste ano, escolhi ficar num quarto com seis pessoas, já que recém havia passado por situações mal-cheirosas em outro lugar (como eu contei aqui). Eu não conhecia ninguém que estaria lá comigo, mas logo fiz amizade com todos no quarto: um casal e mais um rapaz, todos brasileiros, um americano e um grego. Na primeira noite em que o quarto estava com essa configuração, as coisas correram muito bem. Com exceção do americano, eu e o quarto todo, mais uma amiga minha que também estava ficando lá (Oi Martaa!), descemos ao bar, tomamos uns drinks e voltamos para dormir, pois o dia seguinte seria cansativo.

Tudo bem, tudo lindo. No dia seguinte Roma amanheceu ainda mais fria e havia neve para todo lado. Não sei ao certo há quanto tempo é que não nevava daquela maneira. Lembro que quando eu estava lá, ouvi de tudo entre cinco e trinta anos! A questão é que era nítido que a cidade não estava preparada para o susto que levou: o Coliseu, o Fórum Romano, o Palatino tiveram de ser fechados e as escolas também. Então não foi nada fácil se ocupar o dia todo de andar em uma cidade com a maioria das atrações turísticas fechadas, tendo de aguentar o frio de 0º AND a roupa e os pés encharcados! Mas ué, viemos para turistar, né? O casal ficou andando a esmo, já que nada estava aberto. O grego, fotógrafo que era, saiu mais cedo do que todo mundo para fazer fotos daquele acontecimento. Eu, o Guilherme (o outro brasileiro do meu quarto, e que também aparece nesse post aqui) e a Marta (morava comigo aqui em Porto e também estava em Roma), fomos andar pelas atrações e tirar fotos com bonecos de neve. Weeeeeeee

foto de Giuliana Ananias Wolf
Eu e a Marta tentando posar pra foto no Vaticano e a situação das motos na rua.


Independente do que cada um havia feito, todos estávamos muito cansados, então descemos para outros drinks! Eu e os dois meninos fomos antes, um pouco depois chegou o casal. Quando a Mariana* e o Lucas* encostaram na mesa, já logo disseram que ela havia perdido a carteira e que teriam de porcurá-la e saber o que podia acontecer com os cartões que estavam lá dentro, enfim, seguir o protocolo de quando algo do tipo se dá, então voltaram ao quarto. Depois de, sei lá, uns quarenta minutos decidimos subir também. 

Quando entramos no quarto os dois estavam olhando o computador para buscar as informações necessárias, mas a primeira coisa que fisgou nosso olhar foi a beliche que, de frente para a porta, habrigava dois homens dormindo juntos e nus na cama de cima. É. Quelle surprise. Um deles era o americano, o outro, um funcionário do hostel que era filipino. Os casal brasileiro disse que antes que eles descessem para o bar, um pouco mais cedo, os dois estavam chegando ao quarto e foram também convidados a se juntar a nós. Eles disseram algo do tipo "Não, a gente já bebeu muito, mas vão vocês e fiquem por lá um tempo"...  Quando então, eles retornaram ao quarto para cuidar dos cartões da Mariana, tinha muita ação rolando e ninguém se sentiu constrangido de continuar... (e depois brasileiro é que é tudo safado, né?!) 

Para o azar do Guilherme, todas as roupas e lençóis dos dois de cima, agora um casal, haviam caído na cama dele. A cena era tão surreal que ninguém tinha muita reação de primeira. Depois de uns 10 minutos tentando acordar qualquer um dos dois sem sucesso, chamamos um rapaz da recepção para tratar daquilo. Quando ele chegou, ficou beeem sem graça por ver que parte do problema era o colega dele, que além de trabalhar no hostel, estava completamente bêbado e incampaz de entender o que estava acontecendo. Daí começaram a acontecer as coisas mais bizarras que eu já podia ter visto. O funcionário começou a ajudar o filipino a se vestir, enquanto que o americano se enrolou nos lençóis e SALTOU de cima da beliche, se estabacando no chão. Depois disso, o Guilherme pediu que todas as coisas que haviam caído em seu colchão fossem retiradas, assim como a própria roupa de cama que lá estava antes. O funcionário voltou em poucos minutos com tudo novo. No entaaaanto, o americano se sentiu ofendido com isso,  falou qualquer provocação e saiu do quarto. 

Passados uns dez minutos, outra funcionária do hostel chegou. Quando questionada sobre o que seria feito do que havia acontecido há pouco, ela fingiu não saber do que se tratava e disse que qualquer reclamação deveria ser feita com seu gerente na manhã seguinte, pois ela não estava mais em seu expediente. Mesmo assim, NÃO ESTANDO EM SEU EXPEDIENTE, ela usou a chave do hostel para abrir a porta do nosso quarto, não bateu ou pediu que nós abríssemos. Só depois de perceber que ninguém estava satisfeito com a situação e que nós sabíamos que aquilo não tinha sido certo, começou a dizer que precisava saber o que realmente havia acontecido alí, que seu amigo havia ficado muito bêbado e não sabia o que tinha acabado de fazer, que ele estava chorando do lado de fora da porta e tudo mais. Sempre que perguntávamos "E então, o que será feito sobre isso?", ela dizia "Vocês têm de falar com o meu gerente, mas eu juro, meu amigo é a pessoal mais fofa e legal do mundo"...

Decidimos fazer algo no dia seguinte, então, já que nada seria resolvido alí. O problema é que o americano voltou ao quarto e começou a provocar todo mundo, querendo fazer o ofendido, especialmente com o coitado que estava na cama de baixo da dele. Ele não disse nada claramente, mas pudemos perceber que ele queria fazer com que parecesse que todos estavam reclamando da situação pelo detalhe de serem dois homens pelados na cama, ao invés de um homem e uma mulher, o que não era o caso. Logo que se percebeu isso, todo mundo parou de responder às provocações, pois percebia-se que ele buscava um mínimo motivo para começar uma briga de verdade, totalmente sem razão. Foi só a gente se deitar, que ele começou a fazer uns cantos, assim, assoviando, bem bizarros, tipo alguém da selva. E aí, como se não bastasse, ficou saltando de cima da beliche todas as vezes que precisava pegar algo, tipo seu ipad, encarando todo mundo e tal. Achei mesmo que nossas coisas estariam todas zuadas de manhã. 

A última da noite foi quando, à 1 da manhã, o Lucas disse que apagaria a luz do quarto, já que todos estavam prontos para dormir. O americano disse que não, que a luz deveria ser deixada acesa, só porque ele queria, e que não existia regra nenhuma dizendo o horário que ela devia ser desligada, muito embora estivesse colado na parece um cartaz com as regras do hostel, entre elas uma que dizia "TENHA RESPEITO PELOS COLEGAS EM SEU QUARTO, NÃO FAÇA SEXO AQUI". Bom, depois de cinco minutos de discussão, o Lucas disse então que desceria para falar com alguém responsável, já que a situação era ridícula. Finalmente, o americano sossegou.

Achei essa foto das regras! (from http://myspanishpipedream.blogspot.pt/2011/02/romeitaly-that-is.html)

No dia seguinte, todos saímos para mais um dia de turismo e deixamos as coisas mais trancadas DO QUE NUNCA. O casal de brasileiros pediu no hostel que o americano fosse realocado, já que era ele quem estava causando o desconforto entre todos. Nenhum dos três pedidos foi atendido, pelo menos até o momento em que eu fiz o check-out. A impressão que tivemos, é que eles queriam pôr a coisa toda em panos quentes, e foi o que aconteceu.  

Com essa história toda, pelo menos todos os que ficaram aflitos, no fim, estavam mais unidos, e é indiscutível que um elo especial fazia isso HAHAHA ou deveria dizer que um anel especial unia a todos? <3 Just kiding!!!

Beijos, Giu!

*Alguns dos nomes foram alterados.


terça-feira, 1 de maio de 2012

Música da... Argentina: Kevin Johansen

Kevin Johansen + The Nada






Quando morei em Buenos Aires, na Argentina, lembro-me de algumas aulas que tive e que, por acaso, eu era a única aluna em sala. Nessas ocasiões sempre aproveitava para pegar dicas de insiders - leia-se professores. Além de serem dalí mesmo, eles também podiam falar de coisas que saíam do óbvio, porque em geral eram mais velhos e levavam um tipo de vida diferente do meu ou das pessoas que me cercavam na altura. Então, em um desses dias uma das minhas professoras disse que ooooodiava todos os reggaetons que estavam dominando a Argentina - e ainda devem estar. Aproveitei a deixa e perguntei do que é que ela gostava e achava realmente bom. Por uma enorme coincidência, ela disse "Kevin Johansen", mesmo cantor cujo CD eu havia comprado dois dias antes, só assim, por curiosidade mesmo!

O cara nasceu na Alaska (oi?), e filho de mãe argentina e pai norte-americano que é, obviamente fala espanhol (porteño) e inglês fluentes, o que deixa tudo mais interessante, já que ele canta em ambos idiomas, e várias músicas têm a letra misturada mesmo, bem bom para quem quer aprender inglês e espanhol ahahahaha 

Sua última gravação, "Vivo en Buenos Aires" (2010), tem participações que são, no mínimo, um pouco inesperadas. O brasileiro Paulinho Moska participa na faixa "No Voy A Ser Yo", e vejam só, a própria filha, Miranda Johansen, dá uma palhinha na "S.O.S tan fashion (emergency) + Everything is (falling into place)". A gente percebe que ele é bem tendencioso e vive levantando a bandeira argentina em suas músicas, já que em quase todas se vê um 'quê' de crítica à sociedade e comportamentos enlatados, como nas duas que eu citei acima, além de se declarar constantemente à Buenos Aires, como na "Puerto Madero" ("Sur o no Sur", 2002), música que leva o nome de um dos bairros mais glamurosos da capital . EEEE curiosidade: apesar de ser uruguaio, Che Guevara é tipo um deus na terra dos hermanos, e para ele tem música também: "Mc Guevara's o Che Donald's". #sarcasmo
Kevin Johansen
fotos de lastfm.es/music/Kevin+Johansen
Infelizmente não tenho qualquer foto de minha autoria desse senhor quarentão, já que ainda não tive a sorte de estar em algum lugar na mesma hora em que ele lá estivesse dando o ar da sua graça. Entretanto, quase todos os anos ele faz uma turnê europeia, e embora ele não seja conhecido pelo Brasil, de vez em quando passa por lá e faz show, como acabou de fazer no "Festival das Américas", em Corumbá, junto com Moska. Aqui dá pra ver a agenda e se programar. Bom, aqui embaixo vou deixar algumas que são as que eu mais gosto, mas vale muuuuito a pena procurar mais e conhecer o resto! Dá pra colocar para cantar no carro, num jantar com amigos, pra ficar pensando na vida... 

 
Esse vídeo é do do DVD gravado em 2010, que super vale a pena!
 Coloquei num jantar em casa e fez um muito sucesso :) 

 
+ Tá sentindo um deja vu? Olha aqui e entendeee! 

When I lived in Buenos Aires, Argentina, I remember some classes I had and, for coincidence, I was the only student in class. Whenever it happened to me, I would take the chance to get some tips from insiders - the teachers! They were from the town and could talk about topics that I had never though of, because of their age and style of life quite different from mine. So, I was in class in one of these oportunities and of my teachers was talking about how much she didn't like reggaeron, wich was really dominating Argentina - and probably still IS.
I used her speech and asked her what kind of music she actually liked, then, and she said, bringing up this coincidence "Kevin Johansen", the same singer I bought a DVD some days before for curiosity.

The guy was born in Alaska, and having a mother from Argentina and the father from The USA, he can speak both languages fluently, what makes it all more interesting, cause he also sings in both languages, and even mix it all in his songs. Good for you looking forward to learn some spanish, hun?

His last record so far, "Vivo en Buenos Aires" (2010), have some interesting features. The brazilian singer Paulinho Moska, in the track "No Voy A Ser Yo", and, take a look, his own daughter, Miranda Johansen, sings with him in the "S.O.S tan fashio (emergency) + Everything is (falling into place)". We can realize by the lyrics that he has this stong latin bone from his mother and step up for the Argentinian flag very often in his songs, with a lot of critics about society and behaviors, besides his constant proves of afection to Buenos Aires, like in the song "Puerto Madero" ("Sur o no Sure", 2002), named by the the capital's most glamurous neighboorhood. CURIOSITY: even though Che Guevara is from Uruguay, he's like a god or something for argentinians and he gave name to another song: "Mc Guevara's o Che Donald's".

Unffortunately, I don't have any pictures of my own with this forty old singer, since I've never been luck enought to be in the same city where he was presenting his concerts. Although, he's always in tor in Europe and Argentina. Here you can check his calendar. Up above there are some songs I can call my favorite ones, but it's tottaly worth it keep looking for more songs, the guy is great! You can listen to it while driving, in a dinner with friends, to think about life... 

Beijos, Giu!
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