quarta-feira, 16 de maio de 2012

Hostel na Itália: Pelados em Roma

foto de Giuliana Ananias Wolf
O Coliseu todo coberto de neve em Fevereiro de 2012.

A história que eu vou contar agora seria muito mais engraçada se não fosse trágica. É que essas histórias de hostels sempre seriam melhores se tivessem acontecido com amigos nossos, mas quando é com a gente... 

Bom, quando fui à Roma fiquei no famoso Yellow Hostel. Já era a segunda vez, e na primeira tudo havia corrido muito bem. Esse lugar é famoso por ter um ambiente muito divertido e gente acaba mesmo fazendo amigos de maneira muito rápida lá. Afinal, o que esperar de um lugar cuja única área comum é um bar? =D 

Eis que no final de fevereiro deste ano, escolhi ficar num quarto com seis pessoas, já que recém havia passado por situações mal-cheirosas em outro lugar (como eu contei aqui). Eu não conhecia ninguém que estaria lá comigo, mas logo fiz amizade com todos no quarto: um casal e mais um rapaz, todos brasileiros, um americano e um grego. Na primeira noite em que o quarto estava com essa configuração, as coisas correram muito bem. Com exceção do americano, eu e o quarto todo, mais uma amiga minha que também estava ficando lá (Oi Martaa!), descemos ao bar, tomamos uns drinks e voltamos para dormir, pois o dia seguinte seria cansativo.

Tudo bem, tudo lindo. No dia seguinte Roma amanheceu ainda mais fria e havia neve para todo lado. Não sei ao certo há quanto tempo é que não nevava daquela maneira. Lembro que quando eu estava lá, ouvi de tudo entre cinco e trinta anos! A questão é que era nítido que a cidade não estava preparada para o susto que levou: o Coliseu, o Fórum Romano, o Palatino tiveram de ser fechados e as escolas também. Então não foi nada fácil se ocupar o dia todo de andar em uma cidade com a maioria das atrações turísticas fechadas, tendo de aguentar o frio de 0º AND a roupa e os pés encharcados! Mas ué, viemos para turistar, né? O casal ficou andando a esmo, já que nada estava aberto. O grego, fotógrafo que era, saiu mais cedo do que todo mundo para fazer fotos daquele acontecimento. Eu, o Guilherme (o outro brasileiro do meu quarto, e que também aparece nesse post aqui) e a Marta (morava comigo aqui em Porto e também estava em Roma), fomos andar pelas atrações e tirar fotos com bonecos de neve. Weeeeeeee

foto de Giuliana Ananias Wolf
Eu e a Marta tentando posar pra foto no Vaticano e a situação das motos na rua.


Independente do que cada um havia feito, todos estávamos muito cansados, então descemos para outros drinks! Eu e os dois meninos fomos antes, um pouco depois chegou o casal. Quando a Mariana* e o Lucas* encostaram na mesa, já logo disseram que ela havia perdido a carteira e que teriam de porcurá-la e saber o que podia acontecer com os cartões que estavam lá dentro, enfim, seguir o protocolo de quando algo do tipo se dá, então voltaram ao quarto. Depois de, sei lá, uns quarenta minutos decidimos subir também. 

Quando entramos no quarto os dois estavam olhando o computador para buscar as informações necessárias, mas a primeira coisa que fisgou nosso olhar foi a beliche que, de frente para a porta, habrigava dois homens dormindo juntos e nus na cama de cima. É. Quelle surprise. Um deles era o americano, o outro, um funcionário do hostel que era filipino. Os casal brasileiro disse que antes que eles descessem para o bar, um pouco mais cedo, os dois estavam chegando ao quarto e foram também convidados a se juntar a nós. Eles disseram algo do tipo "Não, a gente já bebeu muito, mas vão vocês e fiquem por lá um tempo"...  Quando então, eles retornaram ao quarto para cuidar dos cartões da Mariana, tinha muita ação rolando e ninguém se sentiu constrangido de continuar... (e depois brasileiro é que é tudo safado, né?!) 

Para o azar do Guilherme, todas as roupas e lençóis dos dois de cima, agora um casal, haviam caído na cama dele. A cena era tão surreal que ninguém tinha muita reação de primeira. Depois de uns 10 minutos tentando acordar qualquer um dos dois sem sucesso, chamamos um rapaz da recepção para tratar daquilo. Quando ele chegou, ficou beeem sem graça por ver que parte do problema era o colega dele, que além de trabalhar no hostel, estava completamente bêbado e incampaz de entender o que estava acontecendo. Daí começaram a acontecer as coisas mais bizarras que eu já podia ter visto. O funcionário começou a ajudar o filipino a se vestir, enquanto que o americano se enrolou nos lençóis e SALTOU de cima da beliche, se estabacando no chão. Depois disso, o Guilherme pediu que todas as coisas que haviam caído em seu colchão fossem retiradas, assim como a própria roupa de cama que lá estava antes. O funcionário voltou em poucos minutos com tudo novo. No entaaaanto, o americano se sentiu ofendido com isso,  falou qualquer provocação e saiu do quarto. 

Passados uns dez minutos, outra funcionária do hostel chegou. Quando questionada sobre o que seria feito do que havia acontecido há pouco, ela fingiu não saber do que se tratava e disse que qualquer reclamação deveria ser feita com seu gerente na manhã seguinte, pois ela não estava mais em seu expediente. Mesmo assim, NÃO ESTANDO EM SEU EXPEDIENTE, ela usou a chave do hostel para abrir a porta do nosso quarto, não bateu ou pediu que nós abríssemos. Só depois de perceber que ninguém estava satisfeito com a situação e que nós sabíamos que aquilo não tinha sido certo, começou a dizer que precisava saber o que realmente havia acontecido alí, que seu amigo havia ficado muito bêbado e não sabia o que tinha acabado de fazer, que ele estava chorando do lado de fora da porta e tudo mais. Sempre que perguntávamos "E então, o que será feito sobre isso?", ela dizia "Vocês têm de falar com o meu gerente, mas eu juro, meu amigo é a pessoal mais fofa e legal do mundo"...

Decidimos fazer algo no dia seguinte, então, já que nada seria resolvido alí. O problema é que o americano voltou ao quarto e começou a provocar todo mundo, querendo fazer o ofendido, especialmente com o coitado que estava na cama de baixo da dele. Ele não disse nada claramente, mas pudemos perceber que ele queria fazer com que parecesse que todos estavam reclamando da situação pelo detalhe de serem dois homens pelados na cama, ao invés de um homem e uma mulher, o que não era o caso. Logo que se percebeu isso, todo mundo parou de responder às provocações, pois percebia-se que ele buscava um mínimo motivo para começar uma briga de verdade, totalmente sem razão. Foi só a gente se deitar, que ele começou a fazer uns cantos, assim, assoviando, bem bizarros, tipo alguém da selva. E aí, como se não bastasse, ficou saltando de cima da beliche todas as vezes que precisava pegar algo, tipo seu ipad, encarando todo mundo e tal. Achei mesmo que nossas coisas estariam todas zuadas de manhã. 

A última da noite foi quando, à 1 da manhã, o Lucas disse que apagaria a luz do quarto, já que todos estavam prontos para dormir. O americano disse que não, que a luz deveria ser deixada acesa, só porque ele queria, e que não existia regra nenhuma dizendo o horário que ela devia ser desligada, muito embora estivesse colado na parece um cartaz com as regras do hostel, entre elas uma que dizia "TENHA RESPEITO PELOS COLEGAS EM SEU QUARTO, NÃO FAÇA SEXO AQUI". Bom, depois de cinco minutos de discussão, o Lucas disse então que desceria para falar com alguém responsável, já que a situação era ridícula. Finalmente, o americano sossegou.

Achei essa foto das regras! (from http://myspanishpipedream.blogspot.pt/2011/02/romeitaly-that-is.html)

No dia seguinte, todos saímos para mais um dia de turismo e deixamos as coisas mais trancadas DO QUE NUNCA. O casal de brasileiros pediu no hostel que o americano fosse realocado, já que era ele quem estava causando o desconforto entre todos. Nenhum dos três pedidos foi atendido, pelo menos até o momento em que eu fiz o check-out. A impressão que tivemos, é que eles queriam pôr a coisa toda em panos quentes, e foi o que aconteceu.  

Com essa história toda, pelo menos todos os que ficaram aflitos, no fim, estavam mais unidos, e é indiscutível que um elo especial fazia isso HAHAHA ou deveria dizer que um anel especial unia a todos? <3 Just kiding!!!

Beijos, Giu!

*Alguns dos nomes foram alterados.


Comentários
1 Comentários

Um comentário :

  1. É, pois é, felizmente eu não vi a cena, mas parace coisa de outro mundo mesmo dar de cara com uma cena dessas num hostel que parecia ser tão correto...

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