terça-feira, 18 de março de 2014

Torresmo do bom

Não sou uma master da cozinha, nem sei usar muitos dos utensílios. Mas tem coisas que são superiores ao nosso conhecimento e gosto pessoal. As cozinhas e receitas carregam tradições e também contam histórias de vida, de família, de domingos... E mesmo sem saber tanto e sem nem mesmo ter uma técnica aprimorada ou alguma receita que eu tenha inventado e que dela possa me orgulhar, entendo que tenho que divulgar a "fórmula" para fazer... torresmo!

Os mais entendidos de cozinha, por favor, não me massacrem: o que sei talvez seja primordial e talvez você tenha uma receita diferente, mais eficiente ou com maior apelo afetivo. Mas veja bem, minha intenção é boa. Entre meus amigos, uns poucos GOSTAM de torresmo com aquele brilho no olhar. Eles são poucos, mas eu os invejo!

Não sei o que deu errado comigo, porque o que eu sinto por torresmo é mais uma simpatia do que paixão. Eu queria gostar dele, porque hoje eu só posso dizer que "dá pra comer". Mas não quero que pensem que eu falo de uma religião como alguém que é ateu. Apesar da minha rejeição, eu já decidi que quem escolhe pelo meu estômago sou eu! Sei que um dia vou me deliciar com um "nédio toucinho" quentinho saindo da frigideira.

Tem gente que nasce com talento, predestinado. Mas tem gente que chega lá com esforço e dedicação, treina e treina, até atingir seu objetivo. E um dos meus é poder dizer, um dia, eu gosto de torresmo! Talvez eu só não tenha provado o certo ainda...

A última feijoada que comi foi pseudo feita por mim (come on, nunca se pode desperdiçar carne e talvez errar nos temperos), porque meu pai ajudou bastante. Entre as coisas que ele fez, foi mostrar o jeito de se fazer torresmo:

A feijoada seria servida no sábado na hora do almoço, então, na sexta-feira à noite ele fritou o toucinho picado pela primeira vez e depois deixou de um dia para o outro. Ficou assim:

torresmo como fazer

No dia seguinte, um pouco antes de servir a feijoada, ele fritou novamente e aí sim o torresmo ficou do jeito certo para ser consumido: crocante e sequinho.

Caso você queira comer torresmo à noite e não de dia, como nós fizemos, no livro "O que Einstein disse a seu cozinheiro", a definição de "de um dia para o outro" explica que esse período significa 8 a 12 horas de descanso. Desse jeito, você pode fazer a primeira fritura lá pelas 10 da manhã, fazer a segunda por volta das 17h e comer no happy hour caseiro :) (esse livro explica várias curiosidades do mundo da cozinha, reações químicas e desvenda mitos, como o caso de fritar um ovo no asfalto. Muito, muito legal!).

torresmo como fazer

"Enquanto ao lado, em fogo brando 
Dismilingüindo-se de gozo 
Deve também se estar fritando 
O torresminho delicioso 

Em cuja gordura, de resto 
(Melhor gordura nunca houve!) 
Deve depois frigir a couve Picada, 
em fogo alegre e presto." <3 <3 <3 
literatura de bar em "Feijoada à Minha Moda", do Vinícius de Moraes.


Então, duvido que você não lembrou do melhor torresmo que provou até hoje! 
Conta aí embaixo pra mim :) 

domingo, 16 de março de 2014

Machu Picchu a pé: a verdade, parte 2

Continuando o post sobre Machu Picchu.... (caso não tenha lido a parte 1, clique aqui)

Começamos a subida dos degraus às 4h30, com tudo ainda bem escuro e chovendo bastante. Dava para sentir o ar rarefeito, e a cada lance de degraus, precisava parar, tomar água e respirar para ter condições de subir. Mas sejamos francos: apesar da altitude, admito, se fosse numa altitude com a qual eu já estivesse acostumada, teria cansado do mesmo jeito, ehehe

Sobe, sobe, sobe... água, água, água... e depois de uma hora e meia, mais ou menos, chegamos na entrada de Machu Picchu! O problema é que subir até os 2.430m de altura fez a gente sentir muito calor, então fui abrindo a blusa - que era impermeável. Isso fez com que minha camiseta e calça ficassem encharcadas. Quando a gente parou de andar, e já estava dentro de Machu Picchu, o corpo esfriou e aquela sensação ruim foi aumentando. Por sorte, a gente estava com a mochila com as roupas que tínhamos usado no dia anterior. Elas estavam sujas, mas secas. Porque eu estava pensando em todos os momentos embaixo de uma coberta quentinha, e por mais que o guia estivesse bem na minha frente, a voz dele era mais uma lembrança distante "daquele dia que passei frio demais". Em resumo, essa era minha expressão de #chateada

macchu picchu

macchu picchu



Mas eu juro que depois que eu troquei de roupa fiquei com uma cara melhor! Engraçado é que todo mundo se troca lá no meio da galera mesmo, porque ninguém chega intacto. Claro, dos que sobem os degraus. Se você quiser, dá para subir de ônibus, que custa cerca de 18 dólares também e você compra na hora, não precisa reservar. Porém, quando estávamos lá, esse ônibus só começava a subir a partir das 9h30, por conta das chuvas e alguns deslizamentos que tinham acontecido. Então ficava muito apertado em termos de horário. O bom é que quando era tipo seis e meia, estávamos já fazendo o tour.

Lá em cima tava aquela chuvinha chata ainda, então o Thiago perguntou para o guia:

- Vai chover muito ainda? O que você acha?
- O dia inteiro.

Ah, que bom...

macchu picchu
Mas parou depois de uns quarenta minutos que estávamos lá, hehehe. O engraçado é que o tempo vai mudando muito rápido. Em cinco minutos o tempo fecha, aí bate um vento, abre de novo. Claro que isso sempre acontece, mas é que àquela altura, as nuvens estavam muito pertinho, então ficava mais impressionante, igual tá aqui no vídeo:


Depois que eu estava seca, foi só alegria e tirar foto, ver o que o guia tava dizendo e afins. Me surpreendi com ele dizendo que 80% do que está ali é original! E que mesmo coisas que foram restauradas, não necessariamente foram reconstruídas, as vezes era "só" colocar uma pedra no lugar, segundo ele. Apesar dessa informação que ele deu, já vi outros dados dizendo que apenas 30% do que está lá é original, e outros números diferentes. Palpites?

macchu picchu 
Quando estávamos lá compramos o livro "Lost City of the Incas", escrito por Hiram Bingham, o cara que meio "sem querer querendo" descobriu Machu Picchu, em 1911. 

macchu picchu
"Onde você trabalha?" "Em Machu Picchu, de boa" 

macchu picchu
"Qual sua profissão?" "Sou restaurador... de Machu Picchu"... hahaha, sério!

macchu picchu
aguas calientesaguas calientes
Começamos a descida de MP por volta das 10h30, mas esse trecho fizemos de ônibus, custou 18 dólares a descida. Caso não quiséssemos ir de ônibus, era só descer o um milhão de degraus que subimos. Chegando em Águas Calientes de volta, aproveitamos e fomos no Mercado que tem na cidade. Ele fica do outro lado do rio em que está o centro da cidade. Estava super vazio, então demos uma voltinha.

 E aqui o trem que pegamos para chegar até a hidrelétrica, onde pegamos a van para voltar a Cusco.


 Seis horas depois.... esta era eu, no Ecopackers de Cusco, feliz com minha Cusqueña:







Achei o passeio muito legal, apesar do maior cansaço de fazer esse rolê todo! Tudo o que fizemos andando, poderíamos ter feito com algum tipo de transporte, mas valeu a pena ter subido andando, pelo menos uma vez. Fiquei com vontade de fazer a trilha que sai de Cusco e vai caminhando até Machu Picchu. Ah, e também não tivemos tempo de conhecer Wayna Picchu, que está bem em frente à MP. Essa não dava tempo... mas fica para a próxima! Alguém já conheceu?

Bjos! 

Machu Picchu a pé: a verdade, parte 1

Machu Picchu é muito legal. Mas não pense que para chegar lá é simples. Começamos a procurar pacotes para lá quando estávamos em Arequipa, com a ajuda do David. O preço era bem mais alto do que esperávamos: cada um pagou 120 dólares pelo pacote, que incluía:

- Van de Cusco até a hidrelétrica próxima à Águas Calientes;
- Jantar em Águas Calientes;
- Noite em hostel;
- Entrada em Machu Picchu (ticket) (geralmente você tem que comprar com alguns dias de antecedência, porque o máximo de visitantes permitidos por dia em MP são 2500. Reserve aqui);
- Guia dentro de Machu Picchu;
- Volta de Àguas Calientes até a hidrelétrica de trem;
- Van da hidrelétrica até Cusco.











Isso tudo em dois dias. A verdade é que foi legal e aproveitamos bastante, mas tudo o que não era feito com transporte foi bastante cansativo de fazer andando. Como por exemplo, a ida da hidrelétrica até Águas Calientes, que é o "pueblo" de Machu Picchu. São 11 quilômetros de caminhada feitos ao lado da linha do trem. Se você preferir, pode pegar esse trem, que custa 18 dólares e faz o mesmo percurso em cerca de uma hora. 







Nós fomos andando porque um casal que tínhamos conhecido em Sucre, na Bolívia, falou que "o percurso andando é imperdível, a parte mais bonita do caminho... fazer isso de trem é perder metade do passeio". Sério, maior cagada ter escutado esse conselho. Caminhamos por cerca de três horas para chegar a Águas Calientes e quando o trem passou por nós, só me senti muito besta por não ter comprado o ingresso e ir nele. Apesar do caminho ser bonito e você ir tirando fotos ao longo dele, você só quer fazer isso pelos primeiros quarenta minutos, hahaha... depois eu só ficava torcendo para chegar logo... queria tomar um banho, dar uma cochilada.



Ah, eu tinha a impressão que Cusco ficava pertinho de Machu Picchu, mas na verdade, são cerca de seis horas de carro! É bem longe. Tem gente que faz uma trilha andando desde Cusco até Machu Picchu e chega lá em cerca de três dias!

Mas quando chegamos em Águas Calientes, encontramos o grupo que estava com a gente na van lá na praça principal. É uma vila bem bonitinha, charmosa e o som do rio é beeem alto... e como ele corta a cidade, você vai ouvir o som das águas a maior parte do tempo em que estiver por ali. Detalhe: esse é o  rio Amazonas! Ao nascer na cordilheira do Peru, recebe o nome de Apurimac. Quando ele chega em Aguas Calientes, se junta ao rio Urubamba, e vira então o Ucayalli, um dos principais afluentes do Rio Amazonas (que só passa a se chamar assim quando entra em Manaus).











O legal é que quando fechamos o pacote, não tínhamos certeza de qual era o tipo de quarto em que ficaríamos. Mas pensei que seria um quarto compartilhado, porque era o pacote mais barato de todos. Quando o guia nos encontrou, pediu que somente eu e o Thiago o acompanhássemos até um hostel X, bem na beira da linha do trem. Entramos e ele pediu na recepção uma chave para um quarto duplo! Duplo! Duplo! Não acreditávamos. Depois que encontramos, realmente! O quarto era para duas pessoas e ainda tinha um banheiro dentro!!! E o mais legal: ele era virado para o rio, que dava para ver e ouvir super bem de lá de dentro. Ok, ver nem tanto, mas mesmo assim, bem massa e melhor do que o esperado! Tranquei a porta logo, esperando que talvez alguém pudesse voltar dizendo que nós estávamos em um quarto errado, que havia sido reservado para alguém que pagou por ele. Minha estratégia: "Vamo ficar bem quieto se alguém aparecer aqui!!! Fingimos que já dormimos!!!".

Depois disso foi mais tranquilo: tomamos banho, comemos, dormimos. O guia avisou que a gente deveria estar no ponto de encontro no dia seguinte às 4 horas da manhã, para às 4:30 estarmos na entrada do portão da subida para Machu Picchu. Estava chovendo, então a gente já saiu com roupa impermeável e vestindo capa de chuva. Mas por que tão cedo? Simplesmente porque nossa van voltaria da hidrelétrica às 14h, e nosso trem saía de Águas Calientes às 12h30.

Esse foi o primeiro dia da viagem. O segundo dia da viagem, conto no post a seguir ;) 

quarta-feira, 12 de março de 2014

Viajando de trem da Áustria para a Itália

"Os trens de qualquer país contêm a parafernália essencial da respectiva cultura: trens tailandeses têm o jarro no chuveiro com o dragão laqueado na lateral, trens cingaleses têm o vagão reservado aos monges budistas, trens indianos têm uma cozinha vegetariana e seis classes, trens iranianos têm tapetes de oração, trens vietnamitas têm vidros à prova de balas na locomotiva, e todos os vagões russos têm um samovar"...

... e o trem que parte de Salzburg, na Áustria, com destino à Bologna, na Itália, mistura toda a civilidade de um país que mantém suas obras em museus, com a espontaneidade (e bagunça) de uma outra cidade que, ao invés de manter as preciosidades entre paredes, as mantém nas ruas centrais, em volta das praças e tornam cada pilar e escadaria em algo muito mais significativo que cimento e mármore.

Isso é o que eu sinto hoje. Mas quando eu peguei aquele trem, ahhhh, meu amigo... Um dos motivos é porque eu imaginava que ele ia ser muito mais barato, e acabou me custando 80 Euros. Mas fomos, porque eu e a Karine voltaríamos para Porto pelo aeroporto de Bologna.

A viagem foi feita em duas etapas: primeiro pegamos um trem em Vienna e descemos em alguma estação, que não me lembro se foi na Itália ou na Áustria, para pegar o segundo trem, o que chegaria à Bologna. O primeiro trecho da viagem foi bem tranquilo, o nosso vagão estava vazio, tínhamos comida, joguinhos... 



vinho... (se meu eu do futuro pudesse mandar um recado para algum momento do meu eu passado, seria esse: 'isso, fica aí se achando com essa garrafa de vinho porque daqui a pouco as coisas vão mudar'...)


... e uma bela paisagem

O segundo trecho da viagem não foi assim tão poético. Nosso bilhete dava direito a ficar em uma cabine que tinha capacidade para seis pessoas. Duas fileiras de bancos, cada uma com três assentos. Quando você abria eles, tinha uma espécie de cama, porque os bancos correspondentes de cada fileira se encontravam no meio do caminho.

Só que quando abrimos a cabine, um casal já estava dormindo lá - de roupa. Ou seja, duas das quase-camas já estavam ocupadas, então só sobrava mais uma, que deveria ser dividida entre eu e a Karine.

Nunca pensei que pudesse ser uma contorcionista, até a hora em que me dei conta de como estava deitada. De algum jeito conseguimos nos arrumar ali e começamos a conversar em inglês com a moça do casal. Uns cinco minutos depois ela conta que era brasileira, de Florianópolis, e que estava morando com o namorado italiano em uma cidade próxima à Bologna. Ela tinha estudado jornalismo na faculdade e meio que largado o curso pela metade para tentar descobrir o que queria lá na Itália. 

Os dois tinham ido para uma rave na Eslováquia, passar o fim de semana, e aquela era a viagem de volta. Parecia mesmo pela cara abatida dos dois. Ficamos quietos por um tempo e logo apareceu um fiscal para ver os nossos bilhetes. Em vários trens na Europa ninguém vai pedir para você mostrar o bilhete antes de embarcar, ou mesmo passar por uma roleta. Mas durante a viagem, sempre aparece um fiscal, a não ser que você tenha muita sorte. 

Bem, quando nosso fiscal do trem apareceu, tivemos que mostrar nosso bilhete, deu tudo certo. Mas  o casal teve algum problema com os bilhetes deles e tiveram que pagar 7 euros para regularizar. Quando a moça abriu a bolsa... se eu tinha alguma dúvida de que eles tinham ido para uma rave no final de semana, isso desapareceu. Não vi nada do que tinha dentro, mas o cheiro que saiu foi o cheiro típico de malas/bolsas/mochilas que estão viajando por muito tempo... e que já passaram por muitos tipos de transportes, matos e apoios.

Enquanto ela remexia lá dentro para encontrar a carteira, eu e a Karine nos entreolhamos e pensamos: calma aí. Assim que eles pagaram, voltamos a dormir. Chegando em Bologna, começamos a nos arrumar para sair da cabine e esperar perto da porta pela parada. Tivemos que - cuidadosamente - passar por cima do casal, pisando onde eles não estivessem deitados, porque eles estavam bem encostados na saída da cabine. Pisando fora, um novo mundo se erguia. 

No corredor, ao lado da nossa porta um homem negro estava sentado no chão cortando as unhas dos pés. Ele olhou para cima e deu um sorriso amistoso. Ele estava sentado no chão e, mesmo assim, continuava muito alto! Fiquei me perguntando se talvez ele estaria sentado assim porque não tinha cabine e não coubesse no trem se ficasse de pé. Vai saber. Essa é uma foto que me arrependo de não ter tirado. Porque, geralmente nessas situações, achamos que não vamos querer lembrar do perrengue, da dor que o torcicolo te deu porque você dormiu toda torta, e do papo esquisito com gente X que conheceu. Mas essa é na verdade é uma das histórias que eu mais gosto. Acho que se eu tivesse estado sozinha, sem a Karine, acharia que ela nem aconteceu do jeito que me lembro, mas ainda bem que tem alguém para confirmar minha versão, hehe. 

Aqui embaixo é a estação de trem Bologna Centrale, assim que saímos dela. Nosso vôo era só no período da tarde, então ficamos sussa, até dormimos na praça...





Ah, a frase no começo do post é do livro "O Grande Bazar Ferroviário - de Trem Pela Ásia", do Paul Theroux. Para quem gosta de livros de narrativa de viagem, esse é um clássico. Eu comprei o meu pela Estante Virtual, porque aparecia esgotado na maioria das lojas que procurei. 

terça-feira, 11 de março de 2014

Brasileiro em Lima também é gringo

Sempre penso em fazer um roteiro  para uma viagem, mas não me prendo totalmente a ele. Se um lugar já deu o que tinha que dar, vou para o próximo; se sinto vontade de ficar mais, prolongo a estadia. 

Quando voltamos de Machupicchu, ficamos no Ecopackers de Cusco. E, sabe, depois de dois dias muito cansativos, o lugar parecia tão aconchegante, o bar parecia tão propício, e nós só teríamos aquela noite no hostel - que é melhor que muito hotel por aí, diga-se de passagem. Iríamos para Lima no dia seguinte à tarde, onde passaríamos uma noite e depois embarcaríamos de volta para o Brasil. 

Desfizemos os planos e decidimos ficar mais uma noite em Cusco e só ir para Lima no dia da nossa volta, então ao invés de viajarmos na quinta à tarde, fomos na sexta. Contei a história do ônibus que pegamos aqui

Chegamos em Lima ao meio dia. Nosso vôo era só às 21h. Decidimos ir à praia e ficar em alguma barraca enquanto não dava a hora de ir para o aeroporto. Primeira cilada: do terminal de ônibus, todos os taxistas diziam que levava uns 20 minutos até a praia e por isso teríamos que pagar X. Como não conhecíamos e era o último dia de viagem, fomos sem muita resistência. Cinco minutos depois, praia. Cinco. 

Chegamos na praia e, bem, não vou dizer que ficamos com os pés na areia. Ficamos em uma parte mais longe, em uns quiosques. Eu, o Thiago e duas mochilas enormes. Todo mundo olhava e sabia que éramos turistas, mas até aí, tudo bem. Era o último dia da nossa viagem, não sofremos nenhum golpe nessas duas semanas, não perdemos nada e ainda tínhamos encontrado essa porção de peixe frito que estava M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A: 

Como eu não queria mais ter que sacar dinheiro até chegarmos no Brasil, estava controlando quanto a conta daria para não faltar dinheiro para chegar ao aeroporto. Já tinham nos avisado que de onde estávamos, seria pelo menos uns 50 soles até lá.

Cada porção de peixe custava 38 soles. Cada cerveja, 7. SETE. Consumimos duas porções e quatro cervejas, então o dinheiro que restava deveria ser suficiente para ir embora. Mas na hora que a conta chegou, eu estava tirando fotos do lugar, e o Thiago não tinha reparado no preço das coisas no cardápio. Quando cheguei, ele já tinha pago e eu pedi para ver a descrição na notinha. Lá, cada cerveja estava por 10 Soles, e eu tinha certeza que tinha visto por 7 antes. Antes, e não depois! O que significa que não era o efeito dos meus copos!

Chamei a garçonete e ela ficou dizendo que "no querida, el precio es este". Vai, não vai, pedimos o cardápio de novo. Passados cinco minutos, me aparece a mulher com o mesmo cardápio, que era impresso, com um dez FEITO À CANETA onde antes estava apenas "7". 

MAS É MUITA CARA DE PAU. 

O Thiago foi e disse que aquele cardápio estava rabiscado e que queríamos outro. Ela começou a dizer que aquele era o único cardápio do bar. Seria, caso bem atrás dela não tivesse outro, intocado. Ali o preço estava 7 soles por cada garrafa de cerveja. Ela devolveu 10 soles e pediu desculpas. O Thiago voltou e a gente percebeu que na verdade ela deveria ter devolvido 12. Pedimos os dois que faltavam e ela pagou, dizendo, tão simpática, algo para que nos protegêssemos: 

"- Viu, toma cuidado que aqui em Lima é perigoso para turistas. As pessoas vão tentar te roubar." 

Sério? Nem tinha percebido. 

A gente poderia ter ido embora sem os 12 soles? Sim. Ia fazer uma puta falta? Não. Mas ah, coisa chata isso de te verem com uma mochila e já acharem que vai ser muito fácil te passar a perna, né? Só porque você está de passagem pelo lugar. Nosso brazilian backpacker proud não nos deixou ignorar isso, hehehe. 

Ps. Apesar da experiência e do pouquinho de tempo que ficamos em Lima, cerca de 5 horas, gostei da cidade e voltaria. Gente querendo ser esperta tem em todo lugar, então levo esse episódio como uma coisa cômica e não uma dor de cabeça. 

Remédios para o mochilão

Oi gente!

Antes de ir viajar fiz uma malinha de primeiros socorros para quando estivesse fora. Por mais que seja bom viajar com um seguro para caso você precise ir a um médico, levar alguns remédios é indispensável, já que no meio do deserto na Bolívia, por exemplo, seu plano não vai adiantar de nada, já que também não tem médico por lá.
































O que eu levei:

- Sucrafilm Sucrafalto 2g/10ml: remédio para azia e mal-estar estomacal;
- Fágico Bromoprida 4mg/ml: remédio para ânsia e vômito. Não sei  até agora como não precisei, depois de ficar tanto tempo dentro de uma van subindo e descendo serra hahaha;
- Dipirona Sódica 500mg/ml: remédio para dor de cabeça;
- Diasec 2mg: remédio para diarreia. Porque às vezes é bom ter medo do destino, né.

Eu tinha todos esses remédios em casa, então não precisei me preocupar com uma receita. Mas caso não tivesse, iria em um Clínico Geral e explicaria que ia viajar e que precisava de X e X remédio por isso. Acho que vale. Alguém já tentou?

Mas na Bolívia encontramos um outro remédio que era especificamente para o "mal de altitude" que muitas pessoas sofrem. Eu senti um pouquinho, mas bem de leve. Geralmente quando acordava, sentia minha cabeça um pouco mais pesada, como se tivesse ficando gripada, sabe? Mas aí era só tomar uma pílula de Soroche que passava!

Tanto na Bolívia quanto no Peru você encontra "Soroche pills" ou "Sorojchi Pills" em qualquer farmácia. Cada cápsula contem Ácido Acetilsalicílico 325mg + Salofeno 160mg + Cafeína 15mg. Lembro que uma cartela custava cerca de 30 bolivianos. E acho que vale bastante a pena, considerando que o efeito deles é muito rápido e realmente funciona.



Lembrando que eu não tive nada muito arrebatador, só essas dorzinhas de cabeça e, para isso, especificamente, ele funcionou muito bem. Um outro amigo nosso que foi no tour do Salar do Uyuni passou muito mal e para o mal de altitude que ele sentiu não teve Soroche ou chá de coca que desse jeito. A única solução foi inalação e baixar de altitude.

Além disso, uma das pessoas que estava com a gente no tour do Uyuni disse ter tomado um remédio para aumentar o número de glóbulos vermelhos. Isso faz com que mais oxigênio seja transportado pelo sangue, logo, diminuem as chances de você sofrer falta de ar e afins quando estiver em grandes altitudes. Para isso, dá para tomar o Citoneurin 5000, um composto de vitamina B1 + B6 + vitamina B12. Eu nunca tomei, mas encontrei essa recomendação em um fórum de escaladores, aqui. 

Detalhe: ir para a Bolívia exige que você tome uma vacina de febre amarela. O Peru e a Bolívia não exigem seguro-viagem para que você entre lá, mas eu recomendo fortemente que você tenha antes de desembarcar em qualquer lugar fora do Brasil. Esqueci de fazer o seguro e de tomar a vacina. Consequência: fiquei comemorando a viagem inteira que nada me aconteceu e que também não exigiram que eu mostrasse a carteirinha de vacinação!!! hihi não faça isso

Bjo!

segunda-feira, 10 de março de 2014

Carnaval Lado B no Rio de Janeiro - O QUE TEVE

Fui passar o carnaval no Rio de Janeiro. Apesar da minha pouca vocação para sambas-enredo, blocos e afins, eu estava empenhada em participar de alguns dos 800 e tantos blocos que a programação do carnaval de rua desse ano previa.

Mas uma pessoa não foge à sua natureza e, em meio a tantas marchinhas, tenho que admitir que apesar de ter ido nos blocos Multibloco, na Lapa, e no Sargento Pimenta, o saldo final me faz ver que o que eu mais gostei de participar foi do bailinho ao ar livre da fanfarra Os Siderais, com participação dos chilenos da Banda Rimbambum e dos franceses do Les Vilains Chicots.

Tudo começou logo depois do show do Casuarina, que tinha acontecido na Praça Tiradentes. Eles tocaram no Largo São Francisco, entre o Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ e a Biblioteca Real - Gabinete Português de Leitura (que aliás, quero muito ver por dentro!) 












A maioria das pessoas estava fantasiada e parecia ter ido direto do bloco/show que fosse! Eu sou uma pessoa bastante incrédula e achava que "quase ninguém" saísse fantasiado no carnaval do RJ. E acabou que eu é que parecia um ET sem fantasia nenhuma! Mas tentei remendar com uma maquiagem mais extravagante, hehe. 


Voltando ao Largo São Francisco: o lugar estava bastante vazio comparado com blocos e a maioria dos lugares onde o carnaval se manifestava, mas gostei disso! Por isso o Lado B do título. Fomos para um lugar que não estava no roteiro e que na verdade ficamos sabendo porque uma das pessoas que estava com a gente - e que era do RJ - sabia e chamou todo mundo para ir! Goxtei e aqui embaixo tem um vídeo com os highlights - haha - do bailinho:



Isso me lembrou um pouco as festas que têm no IFCH da Unicamp. Embora eu não seja frequentadora assídua, a vibe parecia ser a mesma.

E o carnaval de vocês, QUE QUE TEVE?

Bjos!
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