sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Trilogia musical em Fortaleza

Em agosto fui passar um final de semana em Fortaleza. Não voltei mais morena, mas confesso, com uns quilinhos a mais e umas músicas na cabeça :) 

Fiquei na casa da Karine, que já tem histórico por aqui. A programação foi bastante intensa e, com certeza, a mais “insider” que eu já tive em Fortaleza. Essa foi a terceira vez que eu fui para a capital do Ceará, e foi como se eu tivesse visitado uma nova cidade! 

Eu cheguei na sexta-feira umas 23h e já fui direto para uns bares, com direito a três paradas. Mas o que eu quero falar aqui, em especial, é da trilogia musical que aconteceu no sábado! 


Fomos no Kukukaya para abrir a noite. Chegamos lá umas 20h para o forró que acontece lá e é bem famoso. Mas a gente se enganou com o horário e, quando chegamos, o que estava rolando era um samba — mas a viagem super valeu a pena. Samba de raiz, com direito a um grupo reunido em volta da mesa tomando uma cervejinha. Ah, sem contar que o lugar era enorme e bem decorado. À primeira vista, pode parecer um pouco turístico demais, mas, depois, você começa a reparar quem está lá, e vê que se trata, na verdade, de muita gente da própria cidade e tal. Ah, o bônus da noite foi um grupo de dançarinos que estava todo reunido lá, independente da casa, mas que estava dando um show! Fomos embora quando o samba acabou, mas com certeza quero pegar o forró de lá na próxima ida à Fortaleza. 



De lá, fomos para o Acervo Cultural. Aquela era, aliás uma noite emblemática para o lugar. Era a última festa da casa :( A proposta deles era super original: misturar poesia, teatro, música, tudo em um só lugar. Naquele sábado, a programação tinha um sarau (linnndo, btw), e show de 3 bandas, que eu aqui chamo de trilogia musical hahaha: Nômades para abrir a noite e Os Transacionais para fechar. EEEEEEE a que eu maais me diverti: Leite de Rosa & Os Alfazemas!

Mas antes preciso contar sobre o show. Foi apenas incrível! Eles tocam os melhores clássicos bregas para todo coração romântico e abandonado! Nada como estar em um lugar onde você pode cantar a plenos pulmões sucessos como Fogo e Paixão, Garçom, Alô, É O Amor e, claro, o hino de todo coração que já sofreu, de todo amor enrustido, (e de toda voz desafinada): EVIDÊNCIAS!

Lembro que quando tocou essa música, o salão, que já estava lotado, parecia que tinha ainda mais pessoas do que nas músicas anteriores, tamanho era o fervor com que todo mundo cantava. Eu pergunto e você pode responder sinceramente: tinha como ser diferente? Não, não tinha! Todos sabemos disso!

No meio desse clássico esplêndido, até o vocal, Adriano Uchôa, olhou para o companheiro de banda com uma expressão de "Sério que essa música ainda faz tanto sucesso?!!!". O show foi sensacional, daqueles que você sai com a alma lavada! Se alguém tiver com viagem marcada para Fortaleza, chega de mentira, de negar o seu desejo e vá na gravação do DVD do grupo, que imagino será ÉPICA, no dia 21 de novembro.  O nome do lançamento? Cabaré da Saudade. Isso é ser brega ou não? Sim e com muito orgulho <3








Além da comida, das praias, do forró e do povo Fortaleza tem muita banda boa para se orgulhar! Na próxima ida para lá, quero ir em outro show. E se eles vierem para cá, não perco :)

Qual a música brega do seu coração???

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Bar Tiquim e o bolovo com queijo

Se comer é viajar e viajar é comer, a cada bolovo novo que provo, posso dizer que estou fazendo uma viagem pelos confins da... boemia? 

Enquanto descubro isso, acho que vou criar uma nova profissão: especialista em bolovo. Ainda tenho muitos para provar, mas cada vez que me deparo com um novo, i know it was meant to be. (Isso também envolve aprender fazer um bolovo, mas aí já é assunto para um outro post...)

Algumas semanas atrás, em um sábado preguiçoso, fui no Tiquim, um boteco de SP. Chegamos, sentamos, trouxeram uma cerveja e uns amendoins. Já adiantamos que tínhamos ido para provar o bolovo, famoso. Uma das donas do bar é quem nos atendia e, mal acostumados que somos em outros lugares, pedimos para ela trazer o bolovo cortado ao meio, já que íamos dividir (porque gordinho pede um de cada, mas divide!!!). Eis que ela retorna num belo sotaque paulistano:

"Posso até fazer isso, mas assim né, bolovo é tipo yakult..." 

Depois dessa, nos rendemos e pedimos ele sem cortar mesmo -- em tempos de falta d'água, ter resquício de bolovo na mão (... no braço, no rosto) é o melhor que tá tendo!

O bolovo deles, para a minha surpresa, ao invés de ter o combo metade ovo + carne moída, tinha queijo! Mesmo assim, não dá para dizer que era vegetariano, porque a massa dele levava carne.
Baby, baba:


É, pois é, fico aqui me declarando para bolovo e ainda coloco uma foto desse sei lá o que para competir com ele. Mas, gente, isso era bom demais! As moças donas do bar apenas fazem penne (é, o macarrão mesmo) com lemon pepper assado e frito. Uma delas me explicou que o processo todo leva cerca de quatro horas. Depois de pronta, a porção ele deve ser consumida em no máximo três dias. Elas trazem na mesa como aperitivo, tipo amendoim. Fica bem crocante, e com um gostinho que lembra um pouco doritos, só que bem melhor!

A comida me deixa piegas, então me permito o trocadilho: Tiquim, você conquistou um tiquinho do meu coração <3

Rua Cayowaá, 1301 
São Paulo

terça-feira, 16 de setembro de 2014

Bar Boca de Ouro e o bolovo de gema mole

Fazia muito tempo que queria conhecer o Boca de Ouro, bar de SP. O que me atraiu de primeira, foram as fotos que vi no Instagram mostrando o bolovo do lugar. Que belezinha aquilo. Marquei, desmarquei, remarquei, até que nessa sexta-feira fui!

Acho que deixei clara a razão de PRECISAR ir nesse lugar. Agora voltando à programação:

Engraçado que esse blog é sobre viagens, teoricamente, mas falo tanto de comida que já considerei trocar o nome dele. Mas dessa vez eu juro que também tem a ver com viagem. O Boca de Ouro me lembrou muito os bares que eu vi em Nova York, primeiro em muitos filmes, depois pessoalmente. Ele é bem pequeno e tem dois andares. No térreo, está o balcão largo, generoso, que deve ter lugar para 15 pessoas, além de uma mesinha alta. No primeiro andar, tem uma sala apenas com uma mesa de sinuca.


De fora você não escuta barulho nenhum, já que a porta fica fechada, mas ao entrar, é aquele sentimento de "que delícia estar aqui dentro". Pessoal conversando, rindo, música tipo um jazz descontraído e animado (existe esse termo?) e luz baixa. Logo que eu entrei, como tava meio escurinho, achei que fosse uma vibe meio romântica - apesar de eu estar com o meu namorado no dia, a gente tava procurando pela vibe bar mesmo. Mas não! Parece que todo mundo se conhece, acaba conversando uma hora ou outra. Bem descontraído.

Bar Boca de Ouro
A Heineken custava R$ 10, mas tinha várias outras opções importadas, todas mais caras que essa. Ainda assim, o preço era justo! Tomamos umas cervejas, comemos um lanche e um bolovo. A conta deu R$ 77. Aprovado! 

Rua Cônego Eugênio Leite, 1121 - SP. 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

5 razões para fazer uma viagem com suas melhores amigas

No dia da minha primeira aula na Ecela Spanish School, na Argentina, eu estava sentada em uma das mesinhas da escola quando, uma moça veio e perguntou se podia se sentar na outra cadeira. Começamos a conversar e ela me contou que era havaiana, divorciada, surfava, já tinha viajado o mundo todo e ainda me apresentou ao Couch Surfing. No meio dessa conversa, lembro dela ter me dito: 

"Já fui casada, viajei muito com meu ex-marido, mas... nada se compara às viagens que fiz com as minhas amigas! As duas coisas são boas, mas viajar com as amigas é muito diferente e inesquecível!"

Fiquei com isso na cabeça por muito, muito tempo!

Cinco meses depois, embarquei para o meu intercâmbio em Porto, Portugal, onde passaria um ano. Falei para minhas amigas que seria o máximo se desse para elas me visitarem durante esse tempo, mas você sabe, Portugal é longe, euro é caro... isso nem era bem uma possibilidade. Me conformei com isso, e esqueci. Até o dia em que a Fernanda, dando uma de desentendida, me perguntou: "em julho, faz calor ou frio em Portugal?". Como isso foi um post no meu mural do facebook, antes mesmo que eu respondesse, a Natasha foi e comentou "Como você não sabe que lá é sempre o oposto daqui?". Sem mais nem menos, pulando todas as cerimônias e investigações, a Fernanda revela que o motivo da pergunta era porque, julho, justamente, era o mês que ela pensava em me visitar! WHATTTTTT? Que jeito bom de começar a semana, pensei! Enquanto isso, a mesma Natasha se mudava para a Alemanha para fazer um intercâmbio, então também surgia uma possibilidade de ter mais uma amiga por perto. A cereja no topo do bolo foi quando uma terceira amiga, a Karina, deu a louca e decidiu que também ia me visitar na terrinha. IS THIS REAL LIFE? Quase não podia acreditar! A data que ficava melhor para todo mundo era no começo de julho, nas minhas últimas duas semanas de intercâmbio. Ou seja, p-e-r-f-e-i-t-o, já que eu já estaria de férias da faculdade e ainda poderia contar com as malas delas para trazer minha bugigangas de volta de Portugal! hahahaha

Elas chegaram em Porto, depois de três dias fomos para Dublin, na Irlanda. Passamos uns três dias na cidade, voltamos para o Porto, fomos para Lisboa num festival de música e, por fim, voltamos para o Porto para pegarmos o vôo de volta para o Brasil.

Algum tempo depois dessa viagem, que aconteceu em 2012, listo aqui algumas razões que me fazem acreditar que todo mundo deveria fazer uma viagem com as (os) melhores amigas (os)!


1 - Essas pessoas serão a ponte entre o mundo-perfeito-das-viagens e o mundo real


Uma das razões para as pessoas mais terem a famosa depressão pós-intercâmbio é porque quando elas voltam à realidade do dia a dia, ninguém do convívio diário sabe como era caminhar pela cidade onde ela morou, não entende as piadas que ela fez pelos últimos doze meses, não sabe quem foram seus amigos lá. E o problema é que também a maioria das pessoas não quer saber sobre isso. Claro que não é à toa que elas perguntam o famoso "como foi?". De fato, se preocupam e querem escutar um "nossa... foi demais!". Mas that's pretty much it. E eu entendo. 

Mas acontece que TUDO ao que você se refere faz parte do último ano da sua vida e é super chato que ninguém entenda do que você tá falando (e que você tenha que explicar tudo para todo mundo). A parte boa, é que quando você tem amigas que viajaram com você para o intercâmbio, ou te visitaram durante esse tempo, elas entendem do que esse universo se trata. E, assim como você, voltam para casa cheias de histórias para contar e SABEM quem é cada pessoa com quem você conviveu, os lugares onde cada história aconteceu e, possivelmente, são as únicas pessoas que irão entender o porquê de, por um tempo, nada parecer tão legal na sua vida - além, é claro, dos amigos que você fez durante essa viagem. 

Prova disso é essa foto: meu lugar preferido para beber em Porto, a Adega Leonor! Que saudades das noites aí! Fiquei amiga de todo mundo que trabalhava lá e, ainda bem que minhas amigas de Campinas conheceram esse lugar SENSACIONAL - que deixa todo mundo louco para voltar para o Porto...

Adega, Porto, Portugal
viagem com as amigas mochilão
Pessoal X lá atrás! hahah mais uma das histórias que ficam...
viagem com as amigas mochilão
Nossa primeira cerveja quando chegamos em Dublin, na Irlanda


























2- Eudaimonia 

2 - Eudaimonia


Sejamos francos: as pessoas fazem o lugar. Sempre é assim. De repente, estava nas últimas semanas do meu intercâmbio - que já tinha sido incrível, com minhas amigas da faculdade do Brasil, as amigas que tinha feito lá no Porto (e que eram de todo lado do Brasil), em um festival de música com bandas que eu absolutamente adorava, em Lisboa. Ufa! 

Entre uma cerveja e outra, parei e fiquei olhando o cenário todo: era a hora do pôr do sol, minhas amigas de Campinas estavam se dando super bem com as do intercâmbio e quem estava no palco àquela hora era Noah and the Whale, uma das bandas que eu mais gostava na época. What a feeling. 

Pensei: é isso, tá tudo aqui. 

Ainda mandei uma mensagem para o meu irmão falando que seria demais se ele também pudesse estar lá, porque, afinal de contas, era mesmo sensacional!

Na época eu não sabia, mas bastante tempo depois fui saber que o nome desse sentimento é "eudaimonia". Engraçado que eu não conhecia essa palavra, mas sabia muito bem qual era seu significado: a felicidade. Os gregos usavam essa nomenclatura para denominar os momentos que "se encerram em si mesmos, são fontes de prazer imediata". Ou seja, tudo aquilo que faz você pensar "eu não quero que esse momento acabe".

No meu caso, foi nesse momento que deu esse "click!", mas eu acho que a viagem como um todo seria equivalente a isso. E acho que muita gente pode se relacionar com isso também, afinal, quantas vezes escutamos alguém dizendo "não queria mais voltar, queria ficar lá para sempre..."?

Mumford And sons optimus alive
Mumford & Sons <3 no Optimus Alive

optimus alive













optimus alive






3 - Pessoas confiáveis vão te lembrar daquilo que você esqueceu sobre a noite passada


As pessoas vão te lembrar que você decidiu apostar corrida numa ladeira, depois de ter ido em duas festas, e aí você caiu, e por isso não consegue andar direito no dia seguinte. Mas isso é assunto para um oooutro post. 

Seis da manhã. Na frente da balada. Bem, a foto fala por ela mesma.

Villa Porto, portugal
Obs: acho que ninguém conseguia se lembrar de nada no dia seguinte...








4 - Você nunca se cansará de lembrar das histórias 

4 - Você passa a conhecer todas elas muito melhor 


Tem um ditado que diz que para conhecer alguém muito bem, principalmente antes de casar, o ideal é que você faça uma longa viagem com essa pessoa. Óbvio que não tem fórmula ideal para nada, mas viajando dá para ver, sobretudo, como as pessoas se saem (e você própria) em momentos de stress, mudanças de humor, cansaço, fome e até quando leva uma cuspida no meio da rua. Você também aprende sobre os hábitos das outras pessoas: que horas acordar, o que comem, o que não, começa a perceber pelo humor que a pessoa tá com fome e por aí vai. 

No caso dessa viagem, especificamente, foi bem engraçado: a Natasha tava numa de não beber, então ela sempre acordava mais cedo que a gente e fazia nosso café da manhã ( <33333 ); A Karina e a Fernanda (do jeito que ela contou aqui no post sobre Minnesota) não eram muito de comer, provar coisas diferentes. Então, eu e a Natasha sempre dividíamos os pratos e fazíamos a vez das descobertas gastronômicas; de noite, a Natasha e a Karina sempre tinham mais sono, então quem ficava para a balada, na maioria das vezes, era eu e a Fer... também por isso a gente tinha mais ressaca que o normal (acho). Eeeee por aí vai! 

viagem com as amigas mochilão

viagem com as amigas mochilão

5 - Ah, as fotos...


Viajar sozinho também é muito gostoso e tem seu mérito, mas é fato que é um outro tipo de viagem. Existem situações e situações e eu mesma gosto de poder fazer o roteiro que eu bem entender. Viajar com mais pessoas, mesmo que se trate de amigas, requer um esforço conjunto na hora de escolher onde comer, o que visitar, que horas ir dormir, que horas acordar... Complicações que não existem quando você decide viajar sozinha... Mas que graça tem uma viagem sem esse tipo de foto para ver depois? Falo do tipo de foto que só dai quando você está cercada por amigas (os) e gente que gosta demais.

viagem com as amigas mochilão

Dublin Irlanda

viagem com as amigas mochilão

viagem com as amigas mochilão

viagem com as amigas mochilão

viagem com as amigas mochilão

Porto caves de vinho
mochilão com as amigas
<3






zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzDepois dessa viagem, um dos objetivos da minha vida se tornou conseguir fazer uma viagem com as  amigas, no mínimo, uma vez por ano. Qual o seu, no quesito viagens??? 

domingo, 3 de agosto de 2014

Você tem fome de quê? - Edição Minnesota

A vida tem ironias. A Fernanda sempre gostou do tom das batatas, então seguia a vida dentro dessa escala de cor: arroz, batata, batata frita, franguinho... verde, rúcula, alface? Nunca! vermelho, morango, tomate, pimentão? Jamais!

Aí ela foi fazer um intercâmbio nos Estados Unidos, onde eu sempre imaginei que seria o paraíso para tal paladar. Mas, como eu disse, a vida tem ironias. E acabou que ela foi morar na casa de uma família... vegetariana!

Achei muito curioso porque, primeiro, para mim, viajar é antes de tudo comer as coisas típicas da cidade/país. Segundo porque, oras, comer é bom mesmo e pronto! Pedi, então, que ela contasse como tem sido a experiência: o que ela mais sente falta do Brasil e o que ela mais gostou de comer e conhecer em St. Paul, capital de Minnesota!

Fernanda Domiciano
A Fer é jornalista - estudamos juntas na faculdade!

“Quem me conhece sabe que eu nunca comi direito e sempre tive muito receio de novas experiências gastronômicas. Nunca, por exemplo, tinha comido alface e rúcula (parece mentira, mas é verdade). Vim morar na casa de dois vegetarianos, com uma filhinha de um ano e meio que chora porque quer mais beterraba! Estou me adaptando e comendo coisas que obviamente tem no Brasil, mas que eu nunca tinha comido, porque para isso, precisava sair da minha zona de conforto. 

Os Estados Unidos não é um país muito conhecido por sua gastronomia, né? Na verdade é, mas por hamburguer e pelas redes de fast food... O que tenho percebido é que temos uma imagem meio deturpada da alimentação americana. Antes de chegar aqui eu realmente pensava que eles comiam hambúrguer e batata frita todo dia. Quando conto pros americanos que conheço, eles morrem de rir.

É claro que aqui tem hambúrguer - mas confesso que vejo muito mais restaurantes Subway do que Mc Donalds - mas as pessoas parecem não comer isso o tempo todo, pelo menos em casa. Além da casa que estou, já passei três dias em uma outra - que não tinha membros vegetarianos - e as refeições foram parecidas. Muita verdura, legumes e frutas no jantar. 

Fui em uma festa pra ver o final da Copa do Mundo, no dia que eu cheguei, e as pessoas comiam muita cenoura crua, como se fosse batata frita. Vi gente comendo cenoura desse jeito em um evento de ski aquático. Um família colocou suas cadeirinhas pra ver o show, abriu uma cesta e tirou um potinho cheio de cenoura. Abriu um outro potinho de humus, molhou a cenoura e comeu tudo.

Minnesota, St. Paul
Aqui quando tem evento free as pessoas levam cadeirinhas, estendem um pano e fazem pique nique!

Esses dias, por exemplo, tomei suco de xarope de limão, com morango e banana congelada. Adorei! Acho que vou congelar umas bananas no Brasil pra imitar!

Mas o que eu mais gostei foi das panquecas com Maple Syrup. O Maple Syrup é um xarope, proveniente da árvore Maple. Lembra um mel, mas é menos doce. Uma delícia!!! Eles colocam nas pancakes e comem no café da manhã. Dá pra acrescentar blueberries, ou o que você quiser. O que eu mais gosto é de colocar pasta de amendoim!

comida típica Minnesota
Acho que vou levar Maple Syrup para o Brasil. Também queria levar cream cheese sabor morango, mas não sei se dá certo levar isso no avião. As vezes também tem aí, né? Se tiver, me avisa, porque é muito delícia!



comida típica Minnesota
Comi as panquecas nesse restaurante, que é meio um trailer. Ele funciona desde 1939!





Outro docinho que gostei foi o famoso marshmallow. Não é só coisa de filme, é realmente tradicional em acampamentos! Eles colocam os marshmallows em gravetos, na fogueira. Quando o marshmallow tá tostadinho por fora e mole por dentro, eles colocam no meio de uma bolacha doce, com um pedaço de chocolate. Fica muito gostoso porque o chocolate derrete com o calor do marshmallow. Comi a noite inteira!!! 

Mas o prato tradicional mesmo de Minnesota é o wild rice. O sabor parece de uma canja, só que a textura é mais grossinha. 

comida típica Minnesota
Wild Rice de Minnesota!




Como boa brasileira, em casa, comia arroz e feijão quase todos os dias, então é algo que faz falta. Semana passada mesmo, eu tava louca para comer um arrozinho! O jeito foi ir num restaurante chinês, mas confesso que achei muito temperado, não gostei tanto. Por sorte, aqui na casa que estou morando o pessoal quer aprender muito sobre o Brasil, então até encontraram um top 15 comidas brasileiras e estão empenhados em fazer algumas delas. 

Na semana passada, eles fizeram pão de queijo e já me avisaram que vão tentar fazer caldo de feijão. Retribui com um brigadeiro que foi servido para alguns amigos deles.  Todo mundo falou que tinha adorado, que o sabor era ótimo e perguntaram como eu fazia esse doce tão gostoso!  #chupaJamieOliver, hehehhe."

A Fer termina a viagem em umas duas semanas. Para quem gostou, até lá, ela tá contando um pouco do que vê no blog Vi(ver) na Cidade!

domingo, 27 de julho de 2014

Sobre ignorar seus conceitos


Quando estava no Peru, conheci um casal da Califórnia. Eles estavam na mesma van que a gente, voltando de Machu Picchu. Estávamos todos no último banco da van, aquele em que cabem quatro pessoas. Não falamos nada com eles, e a viagem estava indo bem...

Mas aí eles começaram a comer banana e a jogar a casca naquele espaço atrás do banco, um pseudo porta malas. Olhei pro Thiago e pensei "não acredito que eles tão fazendo isso". A gente já tinha visto muito gringo nessa viagem fazendo coisas que, normalmente, não fariam se estivessem no país deles, mas já que era Latin America, abriam uma delicada excessão. Por isso a chatiação. Bom, passou mais um tempo, o cara me pediu:

"Puedes abrir la ventana por favorrrrr?", com um baita sotaque, daqueles que não deixam dúvida quanto a nacionalidade da pessoa. Abri a ventana.
Fizemos uma parada no meio da estrada para comer e, enquanto isso, o motorista foi tirar algumas coisas do porta malas.. dentre as quais, as cascas de banana.
Voltamos para o carro. O gringo, depois de um tempo, viu que o Thiago segurava um livro em inglês e falou: 

"ah, sabes hablar ingles?"
"yes"

daqui para frente a conversa continuou em inglês:

"ah, pensei que vocês só falassem espanhol"
"não, na verdade a gente nem fala espanhol"
"ah... tá... desculpa"

Depois de uns segundos nessa situação desconfortável, o Thiago disse que éramos brasileiros e que, portanto, falávamos português. Conversa vai, conversa vem.. se passaram mais umas 5 horas de viagem, e não é que os dois eram super legais?

Combinamos de sair com eles na noite seguinte, em Cusco, para jogar bilhar e beber. Eles disseram que no hostel deles tinha um espaço legal e que era tranquilo levar gente lá, então deixamos certo. No dia seguinte, ainda nos recepcionaram com cuba libre e várias histórias super legais.

Nos contaram a história de cada um e de como o cara tinha ido para uma clínica de reabilitação quando os pais dele descobriram que ele fumava maconha, com uns 18 anos (hahaha). A menina disse que era, na realidade, mexicana, mas que foi para os EUA com dois anos de idade. Ele complementava dizendo que, pela nacionalidade da família dela, ele adorava as festas que eles davam - até a vó da menina gostava de encher o caneco (do jeito que deve ser!). Em compensação, a sogra dela só tomava uma cervejinha e já ficava toda alegre (e no dia seguinte negava tudo). Falaram do último presente de aniversário que ele ganhou, um kit para fazer sua própria cerveja, e de como os lotes ficavam muito bons - às vezes. Explicaram que os estados entre a costa oeste e leste dos Estados Unidos têm o apelido carinhoso de fly-over states, because there's nothing there to be seen. Contaram que um dos países em que passariam durante o mochilão de três meses deles, era o Braisl. Rio de Janeiro, São Paulo e carnaval de Salvador. Estava bom. Na realidade, estava ótimo. Combinamos até uma road trip pelos Estados Unidos. Entre toda a conversa, continuaram nos dando cuba libre, de acordo com a preferência de cada um: mais gelo, menos coca, mais rum... 

Subimos, jogamos bilhar, o time das meninas perdeu duas partidas. Coitada dela, que teve que jogar comigo - que adoro jogar, e mais ainda perder no bilhar. Decidimos sair para jantar depois dos jogos porque ninguém tinha comido nada ainda. Fomos descendo aquelas ruas de pedra de Cusco, enquanto o nosso anfitrião ia vomitando pelo caminho, dizendo que não era acostumado a beber tanto e coisa e tal...


sexta-feira, 25 de julho de 2014

Nossa "Obsessão Infinita" pela viagem... dos outros!


Yayoi Kusama Obsessão Infinita arte contemporânea


Acabo de voltar da exposição Obsessão Infinita, da japonesa Yayoi Kusama, que tá rolando até esse domingo em São Paulo. 

Eu conhecia um pouco da história dela, mas confesso que eu mesma estava mais empolgada para ver bolinhas e tirar umas fotos engraçadas, do que para pensar na coisa toda acontecendo ali. Mas uma das coisas que eu gosto de museus e exposições é que na maioria das vezes eles me surpreendem e a viagem pela história que tá acontecendo ali é inevitável. 

Acontece que a Yayoi desde muito nova começou a ter alucinações e a ver repetidamente bolinhas e bolinhas e bolinhas. Isso fazia parte da sua vida - de um jeito bem louco, e lá na década de 1940. Não demorou muito, ela saiu da cidadezinha em que morava, Matsumoto, e foi para nova York. Na Big Apple, ficou amiga de um pessoalzinho tipo Andy Warhol, sabe? Nessa época, ela já era artista e não demorou muito para cair nas graças da audiência e dos críticos. 

E as obras delas eram principalmente sobre as tais das suas alucinações, o que resultava em bolinhas, bolinhas e bolinhas e muita repetição. Hoje ainda há quem diga que tudo não passam de ilustrações engraçadinhas, que não fazem sentido nenhum, e que bolinhas sempre serão bolinhas e pronto! Mas, oi? A mulher conseguiu fazer uma coisa que, a princípio, é um grande desafio para todos: transmitir aquilo que ela sente e vê de uma forma clara e conseguir exprimir essas aflições. As vezes não conseguimos explicar uma coisa nem com palavras, imagina então criar uma obra de arte?

Além disso, ela faz, de fato, o público se sentir no lugar dela (com as devidas proporções, é claro), mas, acima de tudo, tornou o "problema" de saúde dela, vejam só, no motivo do seu sucesso no mundo inteiro! 

Mas isso não é um post sobre arte contemporânea. É sobre a arte de viajar contornando adversidades! Haha! E quem viaja sabe: elas surgem o tempo todo! A menos, claro, que você esteja viajando para ficar em um resort, 100% confortável e com cinco funcionários por quarto, em algum ponto da sua viagem, elas vão aparecer. 

Quando a gente vê fotos de paisagens lindas no instagram, alguém curtindo super um lugar, nunca imagina o perrengue que foi chegar ali, a noite que a pessoa deve ter passado dormindo no aeroporto, ou mesmo a comida muitas vezes duvidosa que encontrou pelo caminho, por isso a viagem dos outros sempre parece perfeita, sem stress nenhum.

Viajar é sim cansativo. Programar a viagem? Também. E se fosse tão fácil não haveria tanta agência de viagens ou gente sem viajar porque tem preguiça. Mas eu garanto que sempre vale muito a pena! Não importam as adversidades que já me surgiram pelos roteiros, nunca me arrependi de viagem que fiz, avião que entrei ou trem em que embarquei. Aprendi a conviver com os probleminhas porque, no fundo, eles sempre dão origem a alguma coisa. No mínimo, se tornam ótimas histórias, não tenha dúvidas!

As adversidades fazem parte da história da viagem e é impossível desvencilhar uma coisa da outra, sabe? Por isso acho que temos que ter uma Obsessão Infinita pela nossa própria viagem, sempre! Qual sua próxima parada?! 

Bom, sabe quem mais tá sussa com suas próprias adversidades? Yayoi, que desde 1973 tá morando numa instituição psiquiátrica porque sabe que domina melhor sua cabeça desse jeito. O lugar fica a poucos passos do ateliê onde ela cria todas as obras que o pessoal tem formado filas quilométricas por semanas para ver!

Yayoi Kusama Obsessão Infinita

Yayoi Kusama Obsessão Infinita

Yayoi Kusama Obsessão Infinita

Yayoi Kusama Obsessão Infinita

Boa viagem a todos! :))))

quarta-feira, 23 de julho de 2014

O bar e o casamento: Veja Campinas Comer & Beber 2014/2015

Em todo casamento o noivo fica esperando no altar. Ninguém sabe o que se passa na cabeça dele no momento em que ele escuta as primeiras notas da Marcha Nupcial e, meio segundo depois, vê a noiva entrando pela igreja a lentos passos, amparada pelo pai. Mas eu acho que eu sei o que esses noivos sentem... 

Bem, pelo menos é assim que eu me sinto toda vez que vejo meu prato chegando à mesa. A música é o ruído que todo bom boteco tem de gente falando, discutindo, e aquele balbucio dos que se lamentam, já bêbados; o garçom, como não poderia deixar de ser, é o anfitrião querido que, com muita cautela, traz aquele que em poucos momentos já será um prato descoberto, totalmente explorado. Apesar dos nossos sentidos captarem o que se passa ao redor, é óbvio que todas as atenções estão voltadas para essa que é a estrela da noite, a receita que, borbulhante e encantadoramente cheirosa chega à mesa. Não há discussões. Nessa hora, até o mais descrente dos comensais reza uma ave maria com o fervor de um papa num domingo na praça São Pedro, e agradece por ter sido convidado para aquele festim (o bar e o casamento). 

O que eu sinto quando vejo aquela cervejinha gelada na mesa é quase a mesma coisa! Acho que foi por isso que o pessoal da Veja Campinas me convidou para fazer parte do júri da Veja Campinas Comer & Beber 2014/2015 na categoria Bares!

Esses foram meus escolhidos:

Veja Campinas Comer & Beber 2014/2015






City Bar
Votei no City na categoria "Para paquerar". Sinceramente, nunca "paquerei" num boteco. Acho até meio estranho ligar uma coisa à outra.. gosto de ir para ficar com a galera, já que "tem sempre aquele que toma mais uma no bar, tem sempre um outro que vai direitinho pro lar" e é isso que eu gosto de ver. Mas, de todos os botecos que eu frequento, acho que o que mais dá espaço para a paquera é o City Bar, pelo pessoal ficar de pé e ser sempre bastante cheio. Ahh, as sextas-feiras... Até Xico Sá já falou de lá com saudosismo!

Veja Campinas Comer & Beber 2014/2015Veja Campinas Comer & Beber 2014/2015


Flor do Minho 
Tradicionalíssimo, rola um samba lá de sexta e sábado que é demais. Do tipo que não é tão comum de achar em Campinas. Eu gosto muito da Casa São Jorge também, mas ultimamente essa coisa de ficar irritada com o volume do som tem começado a aparecer e aí acabei mudando um pouco de ares... (quem ganhou na categoria Música ao vivo foi a Casa São Jorge).

Casa São Jorge 
Falando nela... Geralmente bebo mesmo é cerveja, mas vez ou outra me dá vontade de tomar caipirinha! E sempre quando tô em um lugar e quero tomar uma caipirinha, lembro da que fazem na Casa São Jorge e desejo que o som lá fosse mais baixo para que eu pudesse voltar a tomar elas! ahahha (quem ganhou na categoria carta de drinques foi o Grainne's)

Andanças Gourmet Bar 
Fui a única a votar nele (quen quen quen...) mas tenho boas razões. Já fui nos outros dois que também receberam votos nessa categoria e até gosto, mas eu me identifico mais com o Andanças. O preço é melhor - principalmente para essa recém graduada que vos escreve -, o ambiente é bastante descontraído e é lá que a maioria dos meus amigos gostava de ir na época em que eu mais o frequentava. E comer e beber tem dessas coisas: é sempre subjetivo. Quem nunca se pegou com vontade de comer um prato, por causa da lembrança que ele trazia? (e aqui nem digo da lembrança do gosto, mas aquela memória afetiva que a comida sempre nos traz...). O preço até pode ser uma boa justificativa, mas não é a mais forte, eu sei. Mas nessas horas de escolher onde comer e beber, no fundo, sempre acho que o que vale é a companhia. Então, por mais que eu queira conhecer vários lugares (o que eu eventualmente acabo fazendo), prefiro aproveitar uma sexta-feira para ir naquele bar onde eu sei que todo mundo vai tá reunido. E é isso que o Andanças significa para mim: estar com os amigos. (quem ganhou na categoria cata de cervejas foi o Nosso Bar - super merecido também!)

Rei do Joelho 
Se para mim o Andanças significa estar com os amigos, o Rei do Joelho significa estar com a comida que eu mais gosto e a cerveja mais gelada da cidade! Fácil assim. Por isso votei nele na categoria Cozinha e Boteco. A repetição foi digna. Quem me conhece sabe o quanto eu gosto de carne de porco e de joeho, em especial. Esse prato disputa com a feijoada o pódio do meu coração e estômago. Por isso, quando penso num bar, nem tem muito o que "pensar", ahah. Meu primeiro impulso sempre é querer ir para o Rei do Joelho, mas minha "sorte" é que ele fecha relativamente cedo, o que sempre me dá tempo livre para ir para outros bares. Além de pela comida, uma razão muito forte de me fazer gostar tanto de lá é que o lugar passa um sentimento de "tô na praia". Óbvio que falta o mar, mas eu me sinto tão a vontade que é quase aquela coisa de tá com o pé na areia, sabe? Bom, o pessoal de lá tá super de parabéns pelo prêmio! Fiquei muito feliz quando soube que eles tinham ganhado como melhor boteco!  :)))) O pessoal do Cumbuca também votou neles (e já que sigo eles também faz um tempão), fiquei ainda mais contente com o resultado!

Veja Campinas Comer & Beber 2014/2015
Quem me conhece sabe, Rei do Joelho, rei da minha vida! hahaha 









E aí, em quem vocês votariam para cada categoria??? Gostaram dos resultados? 


Em tempo: valeu pessoal da Veja! Adorei participar :DDD

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Samba na Pedra do Sal, no Rio de Janeiro

Já tinha ouvido falar, mas nunca tinha ido lá para ver: a Pedra do Sal, no Rio de Janeiro. Eu achava que a Lapa era demais (ainda acho), mas agora quando eu for pra Cidade Maravilhosa, ela terá concorrência pelo menos até a meia noite - mais ou menos a hora em que as coisas acabam lá pela Pedra do Sal! 

Cheguei lá numa sexta-feira, umas 22h... Imagina uma encruzilhada lotaaada de gente, um grupo tocando aqueles sambões que até quem não curte samba, se rende?? Então! Foi bem no meio da Copa do Mundo, então tava lotado de turistas, mas também de muita gente que é do Rio - e que na verdade, era a grande maioria lá! 



Falando nisso, é muito comum que quem esteja viajando sempre queira conhecer coisas que quem mora na cidade faz. E a Pedra do Sal é um dos lugares que é TÃO brasileiro, que as vezes nem nos damos conta. Acontece que o samba que acontece hoje lá, vem acontecendo desde quando esse pedaço do RJ era conhecido como Pequena África, onde os escravos se concentravam. Na verdade, se trata de um período que mudaria a história do Brasil todo. 

Nessa região, que fica próxima ao porto da cidade, é o lugar onde os escravos libertos foram morar. Mas não foi ao acaso: ali estavam concentrados vários terreiros de umbanda e candomblé, religiões intimamente ligadas aos antepassados africanos desses ex-escravos. Escravos que vieram da Bahia para o Rio logo após o fim da escravidão também se alojaram por ali. Ou seja, o círculo social de todos os negros acontecia nessa região e, de batuque em batuque, tocando muito pandeiro, violão, cavaquinho e mão, esses negros é que deram origem ao samba urbano carioca, precursor do que conhecemos hoje. Não é a toa que Vinicius de Moraes se derretia tanto pela história desse povo! 

O RJ passou por uma grande transformação no início do século 20, devido a muitas doenças que se proliferaram. A revitalização foi bem prática: destruir uma área de aproximadamente 100 mil m², entre a rua Senador Eusébio, a rua Visconde de Itaúna e o canal do Mangue para dar origem a que conhecemos hoje por Avenida Atlântica. 

Hoje, esse espaço da Pedra do Sal é Patrimônio Histórico e Religioso do Rio de Janeiro e tem uma importância imensa! Imagina só: você tá dançando e ouvindo samba em um lugar que conta uma história que foi apagada de outros pontos da cidade… sem contar que é bom demais!!! Além disso, esse foi o bairro que criou a ideia que temos hoje de favela (vale a ida na exposição do Valongo a Favela: Imaginário e Periferia, que tá rolando agora no Museu de Arte do Rio).

Ah, mas e o nome? bom, o nome vem porque antes aquilo era bem próximo do mar, ou melhor, o mar é que estava próximo dele. E dali eles embarcavam…. sal! 

Para quem quiser saber quando vai ter o que por lá, é só acompanhar pelo face do pessoal PEDRA DO SAL. BTW, parabéns cariocas por terem espaços assim! (aqui em SP a única coisa que eu já vi parecida foi a Vila Madalena durante a Copa... e já acabou).

Se alguém tiver interesse em saber mais sobre essa época do Rio de Janeiro, indico os livros A Busca da África no Candomblé, da Stefania Capone, e As Religiões no Rio, do João do Rio. Sim, tem muito outros, mas esses foram os que eu li ahhaha!

Beijos!!

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Cachaça de Paraty: Maria Izabel

Eu gosto de cachaça, de gostar mesmo. Mas tenho que confessar que queria conhecer o alambique da Maria Izabel, antes de tudo, porque queria conhecer a Maria da Maria Izabel, sabe? E, claro, depois a cachaça dela. 

Apesar dela ter avisado que deveríamos ligar antes de aparecer por lá, decidimos ir no domingo que estávamos em Paraty, antes de voltar para Campinas, sem avisar mesmo. 

Paraty tem cerca de sete alambiques e, dentre todos eles, o único que não tem nenhuma sinalização para chegar, é o da Maria Izabel. O mistério já começa daí. Tínhamos visitado quatro alambiques no sábado, e deixamos dois para o domingo. Quando estávamos indo para o da Maria Izabel, tínhamos um mapa, mas não achamos a saída. A gente já suspeitava que ela não colocasse nenhuma sinalização pela estrada. Um senhorzinho ajudou e logo achamos a saída certa, e, depois de uns cinco minutos, chegamos na porteira do sítio dela. Que lugar lindo. 

Estacionamos e fomos entrando. A primeira cena que vimos foi essa:

cachaça Maria Izabel Paraty

A Maria que eu queria conhecer estava realmente ali, tal como tinha visto antes na internet: descalça. Engraçado que a gente repare tanto nisso e que acabe achando tão exótico o que, na realidade, é tão natural. 

Pegamos a metade da explicação que ela estava dando para os três casais que estavam lá. Muito, muito calma ela explicava como cada cachaça era feita, a diferença entre cada um dos rótulos, tempo de armazenamento e tipo de madeira. Engraçado que essa visita é grátis e todo mundo pode provar as cachaças - e ela faz questão que as pessoas experimentem! Super atenciosa, ela respondia todas as perguntas com a maior paciência, batia papo... tranquila, tranquila! 

Enfim, a Maria Izabel era tudo aquilo mesmo que eu pensava e as cachaças dela ainda mais! 

cachaça Maria Izabel Paraty

Ela produz quatro tipos de cachaça:

 - a branca, armazenada em tonéis de jequitibá; 
 - a envelhecida, armazenada por no mínimo 12 meses em barris de carvalho; 
 - a Cachaça Azulada, essa aqui só dá para comprar lá no alambique dela por motivos de: no processo de destilação, são colocadas folhas de mexerica no caldo da cana já fermentado. O problema desse processo é que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) (ainda) não tem como verificar a procedência das folhas usadas (oh céus). Dessa maneira, não consegue certificar que ali estão sendo utilizadas as boas práticas de fabricação. Mas essa cachaça é um espetáculo! Você dificilmente encontrará fora de Paraty, até porque, essa é uma das “especialidades” da cidade! 
 - a última é a Reserva Especial, envelhecida em barris de carvalho por mais de dois anos! 

cachaça Maria Izabel Paraty

Daí beleza, a pessoa mora num sítio num cantinho lá de Paraty, num finzinho de mundo. E aí, você vai fuçar e descobre que quem criou o rótulo da garrafa dela foi ninguém mais, ninguém menos que o mesmo cara que fez a capa dos livros da série Harry Potter, Jeff Fisher! 

cachaça Maria Izabel Paraty
Apesar do Lula também curtir uma caninha, foi o Fernando Henrique Cardoso que, em 2001, assinou um decreto que determinava que uma bebida só seria juridicamente reconhecida como "cachaça" se fosse o destilado feito a partir do suco da cana-de-açúcar E produzido dentro do território brasileiro. Então, sim! Se é cachaça, obrigatoriamente é brasileira <3 

Para saber mais: www.mariaizabel.com.br
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