quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O guia e o banquete de Santa Cruz de la Sierra

Eu nunca tinha usado o Airbnb para nenhuma hospedagem, só conhecia bem o CouchSurfing. Acontece que o Airbnb pode ser uma opção muito barata, as vezes até mais do que hostel, caso você vá dividir com alguém, como era o caso dessa viagem pela Bolívia e Peru. Você pode tanto alugar um quarto, quanto uma casa/sítio, depende do que procura. 

A gente foi reservando hostel/tour conforme a viagem ia acontecendo, a única coisa que reservamos com antecedência foi o lugar onde dormiríamos a primeira noite quando chegássemos em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, nosso primeiro destino. 

Pagamos R$ 38 para passar uma noite em um quarto de uma casa X. Não tinha muitos detalhes no anúncio, mas como o preço era bom e parecia um lugar limpinho, fechamos, hehehe. 

Logo o dono da casa entrou em contato conosco por mensagem no Airbnb, o German. Ele disse que poderia nos buscar no aeroporto (!!!) porque o transporte público era precário, então aceitamos - e já engatamos dizendo que adoraríamos tomar umas cervejas à noite - vai que, né, hahaha. 

Ele atrasou um pouquinho para ir nos buscar e como eu não conseguia ligar para ele, apesar de ter o seu número, ficamos meio em pânico, já olhando uma lista de hostel que o Thiago tinha feito em caso de emergência. Mas enquanto andávamos de um lado para o outro meio com cara de "por favor, me adote", uma pessoa veio olhando, desconfiada, e me perguntou "Giuliana?", no que respondi aliviada "SSIIIII". 

Ali estava o German, sua filha, e suas duas irmãs "de alma", como ele definiu. Era sábado e ele disse que a esposa dele costumava meditar nesse dia, e que mais tarde poderíamos conhecê-la. No caminho para casa, o German falou um pouco mais sobre a cidade e a sua história. Ele era, na verdade, mexicano. Depois de ter feito faculdade nos Estados Unidos, escolheu a região ali de Santa Cruz para abrir um orfanato da mesma "rede" em que ele cresceu, no México. E dessa maneira ele conheceu suas duas irmãs, que tinham ido passar o dia com ele. 

Isso é uma coisa muito legal do Airbnb. Você paga para dormir em algum lugar, e acaba conhecendo também histórias e pessoas que vêm junto no pacote. Acho que pelo fato de que vocês já vão dormir sob o mesmo teto faz com que o anfitrião seja muito mais aberto e disponível, tanto sobre a própria vida, quanto para falar sobre a cidade. E também, porque acredito que essas pessoas que participam de redes como Airbnb não estão tão somente querendo ganhar dinheiro, mas procurando uma oportunidade de conhecer mais de outras culturas. Mas, claro, não é uma regra. Vai muito de cada um e essa era a primeira vez que o German hospedava alguém, acho que ele queria que a gente se sentisse bastante à vontade. 

Tanto, que ele nos disse: "minhas irmãs querem comprar uma pistola para escrever e desenhar em couro, então temos que ir em alguns mercados... vocês podem ir com a gente e depois andamos pelo centro, passeamos". E fizemos isso o dia todo, andando de carro, depois parando e indo procurar o que elas precisavam. 

Passamos por três mercados. Um parecia um estádio, de tão grande, e vendia absolutamente de tudo. O segundo já se parecia mais com um camelô, mas só havia boxes de ferramentas, materiais elétricos, tipo furadeira, coisas para metalurgia. Já o terceiro, era uma mistura de feira com mercado e camelódromo. Tinha roupa, comida, gente cozinhando na rua, frutas, tecido, miçangas (sim - não sei há quanto tempo não via isso de perto!). 


Santa Cruz de la Sierra Bolivia


Santa Cruz de la Sierra Bolivia

Santa Cruz de la Sierra Bolivia

Santa Cruz de la Sierra Bolivia

Santa Cruz de la Sierra é uma das maiores cidades da Bolívia e é a "São Paulo" do país também: é bem desenvolvida para o padrão boliviano e abriga muitas empresas. O German contou que tem muitos brasileiros que vão para Sta. Cruz de la Sierra estudar medicina, por ser bem mais barato. 

De noite ainda fomos jantar no restaurante "La Casa del Camba" (Av. Cristobal de Mendoza, 1365 - Zona segundo anillo). 'Camba' é a maneira como são chamadas as pessoas de Santa Cruz. O restaurante era muito bom e como queríamos provar um pouco de tudo, a Cecí, esposa do German, que é boliviana, pediu o Buffet Típico para quatro pessoas (165 Bs), daí provamos apenas: 

1) Majadito de Pato
2) Majadito de Charque de Vaca 
3) Picante de Pollo
4) Queperi de Carne de Vaca 
5) Locoto (uma pimentinha que é ó, uma delícia) 
6) Arroz con Queso y Arroz Primavera
7) Yuca Frita (mandioca)
8) Huevo Frito, Chuño y Ensalada
9) Llajua - Escabeche de Cebollitas
10) Cerveja Huari 

la casa del camba bolivia santa cruz de la sierra


























Eu sei que provavelmente essa é a foto mais feia de um banquete que você já viu. Mas quem gosta de comer vai entender a poesia de não conseguir tirar uma foto direito de tanta fome. Quem gosta de comer vai, inclusive, admirar meu autocontrole modesto para conseguir  interromper minha refeição e fazer, ao menos, esse único breve registro. Quem gosta de comer vai ficar com água na boca mesmo assim, don't let me down. 

Comemos ao som de Taquipari (sempre me seguro para não dizer taquipariuu) e Chovena, músicas típicas da região. O restaurante tinha um palco onde as grupos de dança se apresentavam. Pode parecer bem turístico de cara, mas apesar disso, é um lugar em que turistas e locais se encontram. Enquanto estávamos lá, a Ceci encontrou, por acaso, seu tio, que jantava com a família toda. Ou seja, é um lugar bacana para todo mundo. 

Não lembro exatamente o valor da conta no final, mas dividimos por quatro e deu cerca de R$ 20 para cada um. Na Bolívia, quem converte se diverte! hahaha 
Bom, a verdade é que por pouco menos de R$ 40 conseguimos dormir bem, um 'guia' da cidade e conhecer lugares da cidade que não teríamos conhecido por outra maneira. Clicando aqui você pode acessar o perfil do German, cuja acomodação eu super recomendo! 


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