segunda-feira, 25 de junho de 2012

Problemas na Itália: Entre Tapas e Beijos

Estação de trem de Milão, esperando o trem para Verona


Sempre que vamos programar uma viagem tentamos calcular a probabilidade de coisas que podem dar errado, mas eu imaginava situações do tipo "estou levando um casaco a menos, talvez eu passe frio". Mas é, o dia de todo mundo chega e viajando sozinho então, chega mais rápido ainda!

Quando decidí fazer minha viagem pela Itália, inicialmente eu e a Marta íamos juntas. Só que alguns planos foram mudando e cada uma decidiu ficar mais tempo em um lugar, mais em outro, então sempre rolava uma diferença no timing que cada uma chegava e a outra partia. A primeira cidade onde passei, tudo correu muito bem, obrigado! Milão tinha temakeria brasileira, brasileiros e host muito gente boa achado no Couch Surfing! Passei lá duas noites e a próxima cidade era Verona, para onde eu iria sozinha.

Você acha que em Verona tudo é romance?

Essas cidades menores da Itália, além de serem pitorescas, são mais caras e raramente têm hostel na área urbana. Então eu fiz uma reserva no Leoni Bed & Breakfast, que era próximo do que eu queria e também acessível. Bom, assim que cheguei à estação de trem, vindo de Milão, fui tirar dinheiro, já que esse e o meu próximo hostel não aceitavam cartões de crédito. Para minha sorte, e vocês já entenderão o porquê disso, escolhi tirar uns 100 euros. O dinheiro saiu, mas meu cartão foi engolido. Que beleza. Eu com uma mochila de 15 quilos nas costas, peguei o recibo do que tinha acontecido, fui até meu 'hostel', deixei minhas coisas e comecei a procurar a agência principal do banco cuja máquina estava na estação.

Um atendente ruivo apareceu e para minha sorte, falava inglês, já que eu não tinha paciência pra tentar o "mangiare que te fa bene" de cada bate papo ítalo-brasileiro. Ele conferiu o papel que eu dei, confirmou que a máquina era responsabilidade do banco, começou a fazer algumas ligações e pediu que eu aguardasse uns minutinhos. Aí, passado uns dez, ele me chama bem calmamente e começa a me explicar que aquela máquina era somente operada por outra máquina (eu imaginei tipo um caminhão de lixo, que ao invés de recolher, deposita dinheiro e leva embora eventuais cartões engolidos), e que portanto, nenhum nobre cidadão estava autorizado a tocar no meu cartãozinho. Mas que para o meu bem, assim que ele fosse encontrado sabe-se lá por quem, onde e quando, ele seria enviado de volta ao Brasil, novamente, sei lá para quem, para onde e quando, sendo que eu só colocaria os pés de volta na terrinha em pelo menos seis meses. NICE. Me acalmei e consegui não dizer qualquer coisa ruim para o maledeto, porque ele não estava autorizado a mexer na tal máquina, já que, oras, ele próprio não era uma máquina!

Percebi que o jeito era começar a solucionar meus problemas, ao invés de ficar gorando todo mundo mentalmente. Liguei no meu banco, a primeira coisa que me disseram foi "Tudo bem, seu novo cartão chegará de 3 a 5 dias úteis. Você só precisa passar o endereço para onde ele deve ser enviado". Chegamos no segundo problema: eu não sabia aonde estaria em cinco dias! Mesmo assim, respirei fundo e pensei que aquele era um problema que pertencia à Giu do futuro, e que a Giu do presente devia ir conhecer a cidade e se preocupar com esses 'detalhes' só de noite.

Fui, andei, gastei parte do dinheiro que eu tinha para visitar a casa da Julieta (não recomendo, mas isso é assunto para outro post), escrevi postais,entrei em igrejas, tirei fotos... Bom, no fim disso tudo eu já estava mais tranquila e calma pra resolver meus problemas, voltando para o hostel. Aí eu ví uma igreja e resolvi tirar foto dela com o tripezinho que tinha vindo junto com a minha câmera nova, já que já era de noite. Armei tudo, coloquei em cima de um murinho. Antes de conseguir sair qualquer foto, veio um vento, derrubou tudo no chão e a câmera, que estava com a lente para fora, ficou toda amassada, perdeu a capacidade de focar ou de mover a lente. NICE 2.

foto de Giuliana Ananias Wolf
Antes e Depois:  tivesse eu ficado satisfeita com a primeira foto e parado de tentar a perfeição...














 É, ví que não era meu dia, então voltei ao hostel para começar a solucionar meus problemas. Nessa mesma noite, com todos esses contratempos, começou a me dar uma alergia nos braços e nas pernas, acho que por stress... não tinha comido nada de diferente ou tomado remédio.

O pessoal do cartão pediu o prazo de 3 a 5 dias úteis para chegar um novo, só que eu tinha que dar o endereço para onde ele seria enviado, certo? Nesse tempo, eu estaria em Bolonha e anteriormente tinha programado ficar lá uns 3 dias, com esse prazo tive que esticar para ficar uns 5, já que tinha um fim de semana no meio. SÓ QUE, o único hostel que existe em Bolonha, fica fora da cidade, meio que no meio do mato, aí não dava, né.. Achei um hotel 1 estrela, na promoção e reservei duas diárias, esperando que meu cartão chegasse na sexta-feira, ao invés da segunda-feira (como era possível). Pensando já na possibilidade de eu ter que ficar lá até segunda-feira, fui a um encontro de Couch Surfing, pensando em encontrar alguma casa onde eu pudesse ficar =B

foto de Giuliana Ananias Wolf
Veneza: as únicas fotos que tenho são do cel :( mimimi










O encontro aconteceu num pub, tinha (claro) italianos, russos, ingleses, super legal! Todo mundo era muiiiito gente boa, e de cara, já encontrei três pessoas que se despuseram a oferecer seus sofás, caso eu tivesse que passar o fim de semana em Bolonha. Obviamente meu cartão acabou não chegando até a sexta feira, então eu deixei avisado no hotel que algo chegaria em meu nome e fiquei na casa do Pietro durante o fim de semana. Conheci tanta gente e tantos bares que só isso já rendia um post (e vai render). Aliás, foi na companhia dele que eu conheci a Melania, como eu contei aqui.

Ah, também não posso esquecer de mencionar que minha dieta na Itália era constituída integralmente por pizza e sorvete (receita da felicidade)... mas tanta felicidade tem seu preço: na minha última tarde em Bolonha fui ao correio enviar vários postais e do nada minha pressão baixou, caí no chão, desmaiei e tal, mó cena! Mas a italianada toda veio me acudir, então depois de uma meia hora sentada consegui levantar e ir embora! =)


foto de Giuliana Ananias Wolf
Tortas, pizzas, sorvete, fritura, petiscos... a base da minha alimentação na Itália!


































Ah, nessa época também estava muuuito frio, todas as manhãs eu escutava "hoje neva, hoje neva!", e eu, bobona que nunca tinha visto isso, ficava toda deslumbrada esperando, né. Mas tive qu partir para Florença, ou seja, mais para o sul da Itália e sabia que as chances de nevar diminuiam também. Nice 3.

Cheguei! Eu fiquei meio perdida, não sabia direito para onde ir, então peguei um taxi para ir até meu hostel. Entrando... quelle surprise! O hostel deixava a desejar em quase todas as maneiras possíveis, como eu já contei aqui. Assim que cheguei, liguei meu computador e ví fotos no facebook dos amigos que eu tinha feito em Bologna: meio metro de neve nas ruas. E pra mim, e pra mim?? Nada! ahahhah Decidí ir para o pub super simpático que havia alí perto e saindo na rua percebí uma coisa diferente na chuvinha que estava caindo: ela era um pouco mais sólida e um pouco mais branca do que o comum! Ví também que no meu casaco preto ficavam umas marquinhas brancas, ou seja, de uma maneira míííínima eu estava vendo neve!!! Uuhhhhhuuuulll! Entrei no bar, pedí uma cerveja e comecei a mandar mensagens aos meus amigos de Bolonha contando a "novidade". Muito bom, muito bom!

Só depois de todoooos esses perrengues é que fui encontrar a Marta de novo. Combinamos de nos encontrarmos em Florença para irmos até Pisa juntas. Após isso, comecei a me progamar já para ir até Roma, comprar tickets do trem e tal. Chegando lá, mais ao sul ainda, não esperava ver muita neve. Mas aí fui surpreendida novamente: nevou DEMAIS, demais, demais. (contei aqui). Achei que não haveria qualquer cotratempo nessa cidade, por já ser familiar, mas obviamente eu estava errada. No último link aqui em cima, tem também a história dos Pelados em Roma! A parte boa disso tudo é que no meu quarto estava um casal de brasileiros. Conversando com eles, a moça me disse que tinha acabado de se formar em Medicina, especialização? DERMATOLOGIA! Na hora pedí para ela ver meu braço, porque minha alergia ainda não tinha melhorado. Ela confirmou, disse que logo aquilo passava e disse que a pomada que eu estava usando era a certa mesmo! Ufa!

Bom, gente, o texto tem vários links porque contar a história toda de 15 dias aqui ficaria longo demais, além disso, cada uma das histórias linkadas são boas demais e merecem um post próprio :))

E além disso, por mais que nessa viagem muitas coisas não tenham dado certo, a Itália conseguiu ser o país que eu mais gostei de conhecer, porque voltei com a sensação de realmente tê-lo conhecido, ainda que tenha passado 'só' por Milão, Verona, Veneza, Bologna, Florença, Pisa e Roma. As pessoas, a comida, as festas, os vinhos, tudo, tudo, tudo!

No fundo, isso é também para encorajar quem tem a vontade de viajar, mas fica sempre esperando os amigos exatos para ir, ou uma oportunidade perfeita, coisas raras, sinceramente. O jeito é aproveitar do melhor jeito, da maneira possível, porque no fim, os perrengues sempre são boas recordações e histórias para se contar.

Beijos, Giu!
Comentários
1 Comentários

Um comentário :

  1. E perrengue é o que não falta em viagem de estudante, né... A Itália pra mim também foi uma aventura nesse sentido. hahahahahaha

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